Tucupi, tacacá, maniçoba e açaí. Palavras que instigam o paladar e evocam a rica cultura indígena e amazônica. Se você estiver planejando participar da COP30 em Belém (PA), coração da Amazônia, prepare-se para conhecer essas iguarias diretamente de sua origem, sem o processo de conservação que muitas vezes tira a autenticidade dos produtos.
Na COP30, a comunidade global terá a chance de mergulhar na culinária do Norte do Brasil, uma experiência que promete ser tão educativa quanto saborosa. Nada de produtos desgastados pelo tempo e transporte; o frescor da terra será o protagonista, e isso faz toda a diferença no sabor.
Como a chef Esther Weyl está levando a culinária paraense ao mundo?
Estar perto dos ingredientes naturais é essencial para a chef Esther Weyl. Depois de muitos anos no exterior, onde trabalhou em restaurantes renomados, Esther decidiu voltar para Belém. "Eu sempre imaginei que queria fazer comida paraense. Era necessário estar próxima dos produtos que uso. A feira, os produtores, qual é o melhor tucupi? Tudo isso importa."
Esther acredita que a culinária que faz sentido para ela e para os outros é feita para as pessoas daqui, não necessariamente para quem está fora.
Qual é a inspiração por trás da cozinha autoral de Esther?
No restaurante de Esther, o uso dos ingredientes regionais não segue a maneira clássica. A chef desafia normas e estilos, criando pratos que, embora inspirados nas receitas regionais, trazem seu toque autoral. É culinária regional? Sim, mas passada pelo filtro criativo que dispensa clichês.
Ela exemplifica seu estilo com um prato inspirado na caldeirada tradicional, mas que leva peixe servido em pirão de tomate e tucupi.
Por que provar a caldeirada é imprescindível?
Para Esther, a caldeirada é um prato que todos devem experimentar em Belém. "Esse é meu prato favorito". Utilizando peixes especiais e tucupi, este prato reflete a tecnologia milenar dos povos indígenas e merece um lugar de destaque.
Se busca a melhor caldeirada, Esther recomenda a da chef Lúcia Torres, cujo restaurante, Box Bar, está no famoso Ver-o-Peso, o maior mercado a céu aberto da América Latina.
O que mais faz o Box Bar de Lúcia Torres tão autêntico?
Lúcia, com mais de 40 anos de experiência, destaca seu peixe frito e camarão empanado como pratos imperdíveis. "O camarão é feito com uma massa especial e temperado com ervas locais", explica ela.
A comida de Lúcia remete aos sabores da infância no Pará, onde tacacá, maniçoba, caruru e vatapá são vendidos em cada esquina.
Quais são os sabores especiais de Belém?
Lúcia, premiada por sua comida popular, criou pratos sofisticados como o filhote grelhado com arroz de tucupi, jambu e camarão, além da mariscada paraense, cheia de ingredientes frescos.
No entanto, o frescor dos ingredientes requer criatividade. A sazonalidade influencia constantemente o menu, com Esther ajustando seus pratos conforme a disponibilidade de frutas e legumes.
Como respeitar a sazonalidade pode impactar o futuro?
A chef Esther defende que precisamos respeitar o ritmo da natureza, adaptando nossas escolhas alimentares à disponibilidade sazonal e privilegiando produtos locais, ou "quilômetro zero". Como exemplo, ela menciona a febre do morango como algo a ser reconsiderado.
"Pensar nos sabores do Norte significa também refletir sobre a conservação da floresta e como alimentos locais permitem que ela continue de pé."
A questão da sazonalidade e sua relação com as mudanças climáticas será tema fundamental na COP30, demonstrando que o futuro da gastronomia passa pelo que consumimos hoje.
Com informações da Agência Brasil