Você consegue imaginar uma travessia de 3.000 km que une as vozes de povos indígenas de todo o mundo? Nesse domingo (9), a Flotilha Amazônica Yaku Mama fez exatamente isso ao chegar em Belém, após um longo percurso iniciado nas geleiras andinas de Coca, no Equador. Essa jornada foi mais do que uma simples viagem: ela trouxe as vozes e as demandas urgentes dos povos amazônicos, reivindicando seu lugar no cenário das discussões climáticas internacionais.
A flotilha, que inclui integrantes de nove países - Guatemala, México, Panamá, Colômbia, Equador, Peru, Brasil, Indonésia e Escócia - atracou na aldeia COP30, na Universidade Federal do Pará. Ali, eles estão prestes a participar de uma das conferências mais importantes sobre clima, onde o protagonismo indígena será um dos principais focos.
Por que a escolha da rota inverteu a história colonial?
A rota da Yaku Mama, que literalmente significa 'Mãe D'água', foi cuidadosamente planejada para seguir o caminho inverso aos dos colonizadores do século XVI. Em uma referência histórica potente, a travessia refaz o percurso da expedição colonial de 1541, que saiu de Quito e chegou até o Rio Amazonas, liderada por Francisco de Orellana. Agora, esse caminho está sendo utilizado para recuperar vozes e histórias dos povos indígenas amazônicos.
O que esperar da participação indígena na COP30?
Com a COP30 oficialmente começando hoje, espera-se uma intensa participação indígena, com cerca de 3.000 integrantes de diversas etnias presentes, mil deles participando das negociações oficiais. Essa presença marcante não é novidade; desde a COP27, no Egito, a relevância dos povos originários tem crescido, culminando em um pavilhão exclusivo para esses grupos. Em Dubai, essa participação alcançou novos patamares, destacando a importância dos povos indígenas na preservação ambiental.
Quais são as principais discussões da conferência?
No evento em Belém, temas críticos estarão em pauta: o fim da extração de combustíveis fósseis na Amazônia, financiamento climático e justiça climática, com foco na proteção das populações indígenas e das florestas tropicais. Vale destacar que os territórios indígenas abrigam quase 40% das florestas intactas do planeta. No total, cerca de 476 milhões de pessoas indígenas têm suas vidas intimamente ligadas à saúde desses biomas.
Ao acompanhar essa conferência, não só ouvimos, como também aprendemos com aqueles que vivem e protegem a biodiversidade global desde tempos imemoriais. Será que estamos preparados para escutar e agir em prol de um futuro mais sustentável?
Com informações da Agência Brasil