Sociedade civil pede avanços na igualdade racial durante 5ª Conapir
A 5ª Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial voltou a movimentar Brasília após sete anos de intervalo, trazendo cerca de 2 mil participantes de todas as regiões do Brasil, entre delegados, convidados e observadores. O evento, que acontece até
18/09/2025
18/09/2025
A 5ª Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial voltou a movimentar Brasília após sete anos de intervalo, trazendo cerca de 2 mil participantes de todas as regiões do Brasil, entre delegados, convidados e observadores. O evento, que acontece até sexta-feira (19), está promovendo intensas discussões sobre as 740 propostas que foram previamente aprovadas nas etapas municipais, estaduais e regionais.
Com o tema “Igualdade e Democracia: Reparação e Justiça Racial”, a conferência tem como meta traçar caminhos para políticas que combatam o racismo, promovendo um desenvolvimento socioeconômico mais equilibrado e justo. No Brasil, onde a escravidão durou cerca de 350 anos, tais deliberations são essenciais.
Como a V Conapir se torna um marco de reparação histórica?
Para Marina Duarte, da União de Negros e Negras pela Igualdade (Unegro) e vice-presidente do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR), a V Conapir representa memória e futuro. Em 2025, celebram-se os 30 anos da Marcha de Zumbi dos Palmares e as duas décadas da primeira Conapir, ambos momentos significativos na luta pela igualdade racial no Brasil.
“Um futuro com reparação, dignidade para o povo negro, que é vida.”
A proposta de criação do Fundo Nacional de Reparação Econômica e Promoção da Igualdade Racial (FNREPIR) é um dos pontos-chave da conferência. "O fundo é o início, porque a gente não faz reparação sem orçamento, sem dinheiro. As pessoas precisam entender que o povo só quer viver um futuro feliz, com democracia e a dignidade que a gente merece.”
Qual o papel do Sinapir no avanço das políticas de igualdade racial?
Implementado em 2010, o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (Sinapir) foi lembrado na conferência, na presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entretanto, apesar de todos os estados participarem do sistema, só 5% dos municípios aderiram, o que reforça a necessidade de ampliação dessa adesão para que as políticas alcancem suas metas pretendidas.
Marina Duarte afirma que aumentar a adesão ao Sinapir será a prioridade do CNPIR em 2026. "Criar um conselho representa uma ajuda que a sociedade civil dá ao governo local e que vai trazer a voz do povo.”
Racismo ambiental é uma nova pauta na COP30?
A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP30, que será realizada no Brasil, trará o racismo ambiental como uma nova questão. Comunidades negras, quilombolas e indígenas frequentemente sofrem os maiores impactos das mudanças climáticas, e a conferência deixará claro que essas questões precisam ser vistas como parte do problema global.
Marina Duarte reforçou a necessidade de discutir o racismo ambiental na COP30: "Essa é uma das pautas de transversalidade urgente, pois é preciso ter dignidade ambiental e de vida." A ministra Anielle Franco também destacou a importância de dar atenção às comunidades afetadas e lutar continuamente contra o racismo ambiental.
