Com o clima colaborando e políticas de prevenção em ação, houve uma redução surpreendente de 61% nos focos de incêndio em relação ao mesmo período do ano passado. De janeiro a outubro de 2024, o Brasil contabilizou mais de 218 mil focos. Este ano, no entanto, o cenário é diferente, com menos de 85 mil ocorrências, apesar dos meses de setembro e outubro serem conhecidos pelas altas temperaturas e baixa umidade do ar.
A Ane Alencar, diretora científica do IPAM (Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas), explica que a redução se deve a diversos fatores, incluindo políticas de prevenção e a influência do próprio clima, que este ano tem sido mais chuvoso. "No ano passado, o Brasil quase todo queimou, inclusive devido a queimadas criminosas. Este ano, a seca está menos severa", aponta.
"Se ano passado o clima ajudou a realmente deixar a paisagem mais inflamável e ajudou na propagação dos incêndios, esse ano o clima também ajudou porque nós tivemos um período que ele foi mais chuvoso. Nós tivemos um período seco um pouco mais úmido. Por exemplo, na Amazônia, quando em julho já deveria estar bastante seco, teve momentos de chuvas", explica Alencar.
Como a experiência vivida pode influenciar o comportamento?
Segundo Ane, a experiência de anos passados desempenha um papel fundamental na mudança de comportamento das pessoas. "Toda vez que há um ano muito seco ou problemas graves, como incêndios criminosos, as pessoas acabam sendo mais cautelosas no uso do fogo no ano seguinte devido ao trauma", reafirma a diretora.
"Então pessoas perderam coisas, perderam sua produção, perderam seu gado, perderam sua cerca, alguns perderam casa, infraestrutura. E isso sempre gera um trauma. E esse trauma ele fica para o ano seguinte", completa Ane.
Por que ainda devemos manter o alerta?
Embora setembro já tenha passado, outubro ainda é um mês de atenção para queimadas no Brasil, alerta Ane Alencar. "Acabamos de passar o mês mais problemático para queimadas e incêndios, que é setembro, mas outubro é o terceiro mês crítico. Precisamos permanecer atentos, especialmente em regiões centrais do Brasil, onde a seca e a baixa umidade ainda são preocupantes".
Cumprindo esse alerta, alguns estados, como Mato Grosso do Sul e São Paulo, estenderam a suspensão de queimadas controladas. Isso inclui a queima de palha de cana-de-açúcar, práticas agrícolas e controle de pragas.
Com informações da Agência Brasil