Você sabia que o Ceará ocupa a quarta posição no Brasil em termos de área da Caatinga ocupada por usinas de energia solar? São impressionantes 3.226 hectares dedicados a esse tipo de instalação. Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Norte estão à frente, mas a expansão no Ceará já levanta discussões importantes sobre impactos ambientais. Quer entender o que está em jogo?
Quais são as consequências da expansão das usinas solares na Caatinga?
De acordo com Daniel Fernandes, diretor-executivo da Associação Caatinga, a principal consequência é a perda de serviços ecossistêmicos. A floresta em pé desempenha um papel crucial na regulação climática, produção de água e manutenção da biodiversidade, servindo como pilar para a saúde do bioma. "Precisamos preservar a Caatinga para garantir desenvolvimento econômico e social, além de uma qualidade de vida ecologicamente equilibrada, não só para nós, mas também para as futuras gerações", alerta Fernandes.
Quão grave é o desmatamento da Caatinga?
Com usinas solares ocupando 21.800 hectares do bioma, a situação é preocupante. Fernandes destaca que a Caatinga já perdeu 49% de sua área devido ao desmatamento, e 89% já sofreu intervenção humana, restando apenas 11% de florestas intocadas. Isso agrava a urgência de proteger o bioma, um desafio ainda maior quando apenas cerca de 9% do território é efetivamente protegido por unidades de conservação.
Como promover uma transição energética justa na Caatinga?
A transição energética precisa ser conduzida com cuidado. "É fundamental envolver as comunidades do semiárido nordestino nesse processo, para promover uma transição justa, inclusiva e que garanta renda e bem-estar", explica Fernandes. Isso envolve políticas públicas e incentivos para que as usinas sejam instaladas em áreas já degradadas, minimizando danos ao habitat local.
Qual é o impacto direto sobre o habitat e fauna?
A perda de habitat é uma realidade dura. Muitas vezes, a fauna local morre ou é forçada a migrar para outras áreas. Fernandes enfatiza a necessidade de políticas públicas para mitigar esses impactos, buscando alternativas sustentáveis para o desenvolvimento das usinas.
No Ceará, cerca de 72,3% das áreas de Caatinga ocupadas por usinas solares são caracterizadas por formações savânicas — uma combinação de árvores de pequeno porte, arbustos e áreas abertas, elementos essenciais para o equilíbrio ecológico da região. Ficar atento aos desafios dessa transição é fundamental para um futuro sustentável.
Com informações da Agência Brasil