A diretora-executiva da Anistia Internacional no Brasil, a médica Jurema Werneck, classificou como "desastrosa" a operação policial Contenção, que ocorreu nos complexos do Alemão e da Penha. Este evento, ocorrido na terça-feira (28) na zona norte do Rio de Janeiro, resultou na morte de 119 pessoas, de acordo com o balanço oficial mais recente.
A identificação da operação como um "fracasso retumbante" por Werneck destaca a disparidade entre a versão oficial e a realidade percebida por muitos. Enquanto autoridades de segurança pública afirmam que a operação foi planejada, a médica levanta questões sobre a legitimidade de uma operação que trouxe alto custo de vidas. "As autoridades de segurança dizem que foi uma operação planejada. [Mas] uma operação com tanta morte?", ponderou durante entrevista ao telejornal Repórter Brasil, da TV Brasil.
Como os policiais perderam o controle na Penha e no Alemão?
A falta de "controle do ambiente" por parte dos policiais presentes na Penha e no Alemão é um ponto crucial destacado por Werneck. Ela salienta que os agentes falharam em "cumprir com o dever de proteção da vida e do patrimônio", comprometendo a segurança dos cidadãos e gerando um ambiente de insegurança e desespero.
"É preciso dizer que essa operação não é um sucesso. É desastrosa. Qualquer pessoa sabe que assassinato e sucesso não entram na mesma frase. Assassinato de centena de pessoas. Nós recebemos notícias de milhares de pessoas traumatizadas e que estão sofrendo."
O que dizem as autoridades sobre o resultado da operação?
O governador Cláudio Castro, por seu lado, defendeu a operação como um "sucesso". Segundo ele, foi dado "um duro golpe na criminalidade e que temos condições de vencer batalhas". Contudo, essa perspectiva se choca com a visão de Werneck, que alega que essa fala apenas "estimula toda ação fora da lei", indo contra os princípios de direitos humanos e a legalidade.
Como a Anistia Internacional está reagindo?
Em resposta, a Anistia Internacional, em conjunto com outras entidades civis, está empenhada em coletar relatos sobre os eventos durante a operação. Werneck espera que o governador apresente provas que sustentem o "alegado planejamento" e a legalidade da ação. A instituição promete prestar assistência às pessoas afetadas e buscar reparação judicial e responsabilização das autoridades. "A gente só espera que as instituições brasileiras cumpram o seu dever. O mundo inteiro está vendo."
Com informações da Agência Brasil