Nos últimos dias, o Rio de Janeiro tem sido palco de mais uma polêmica envolvendo as ações policiais nas favelas. Na terça-feira (28), uma operação deixou centenas de mortos, e a sociedade, assim como importantes entidades e órgãos do governo, estão exigindo respostas. A condução do governador Cláudio Castro tem sido questionada, e todos buscam entender o que, de fato, aconteceu e o impacto das ações na vida dos moradores dessas comunidades.
Na busca por esclarecimentos, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, vai ouvir o governador na próxima segunda-feira (3), no âmbito da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental - ADPF das Favelas. Essa medida é fundamental para investigar a letalidade da polícia do Rio e esclarecer pontos cruciais: quantas pessoas exatamente morreram, quantas estão feridas, quem foi detido, e quais ações serão tomadas para punir possíveis abusos. Além disso, questões sobre a atuação da perícia e o uso de câmeras corporais também estão em pauta. Há ainda uma preocupação com a assistência às famílias afetadas.
O que levou Benedita da Silva a cobrar explicações?
Em resposta à operação, a deputada Benedita da Silva, do PT do Rio de Janeiro, expressou sua indignação e cobrou ação mais efetiva do governador. Segundo ela, Cláudio Castro precisa buscar uma unidade de combate ao crime organizado, engajando-se em um diálogo mais aberto com o governo federal. Benedita, que tem uma longa trajetória política e pessoal ligada às comunidades, não escondeu sua emoção ao falar sobre a realidade que conhece tão bem.
"Aquelas pessoas que suam, que vai vender seus caixotes... Eu não aceito isso. Nos meus 83 anos, eu continuo sofrendo pelo meu povo."
Quais são os próximos passos no Senado?
Em consequência dos eventos, o Senado irá instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o Crime Organizado. Com início agendado para a próxima terça-feira, a CPI tem como objetivo aprofundar as investigações sobre milícias e facções, e tentar traçar um cenário mais claro sobre como essas organizações operam no contexto fluminense.
Enquanto isso, a sociedade e as lideranças políticas esperam que tais medidas tragam à tona respostas e ações concretas. Afinal, como bem expressou o deputado Otoni de Paula, "é fácil para quem está no asfalto e não conhece a realidade da favela". Ele salientou o medo constante vivido por aqueles que têm laços diretos com as comunidades, frisando a necessidade de empatia e ação justa.
"É porque o filho de vocês não estão lá dentro, como o meu filho está o tempo todo dentro de uma comunidade. E sabe qual é o meu pânico? É que ele é preto."
Com informações da Agência Brasil