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BRASIL

Moradores de favelas protestam no Rio após megaoperação com 121 mortos

Na sexta-feira, 1º de novembro, uma cena comovente tomou conta dos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro. Sob chuva, milhares de moradores se reuniram em um campo de futebol na Vila Cruzeiro, prestes a seguirem em uma caminhada até a Avenida B

31/10/2025

31/10/2025

Na sexta-feira, 1º de novembro, uma cena comovente tomou conta dos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro. Sob chuva, milhares de moradores se reuniram em um campo de futebol na Vila Cruzeiro, prestes a seguirem em uma caminhada até a Avenida Brasil. A razão? Protestaram contra o saldo aterrador da Operação Contenção, que somou 121 vítimas fatais, feitas apenas alguns dias antes.

O protesto foi marcado pela presença de mães que carregam a dor de jovens perdidos em operações policiais. Liliane Santos Rodrigues, do Complexo do Alemão, traz seu próprio pesar à manifestação. Seu filho Gabriel Santos Vieira tinha apenas 17 anos quando foi cruelmente atingido por cinco balas enquanto estava de carona em uma moto durante uma perseguição policial, há meros seis meses.

Como as operações policiais afetam as famílias das vítimas?

Participação das mães: A dor destas mães é palpável e inescapável. Liliane compartilha o sofrimento ao reviver a cena trágica da perseguição que tirou seu filho. Ela ainda carece de respostas e teme pelo futuro de sua filha mais nova.

Com lágrimas ainda nos olhos, Liliane recorda um momento angustiante durante a operação. A sua filha, apenas 9 anos, correu até ela em desespero, amedrontada pelos tiros e confrontada pela fotografia do irmão que não mais poderia abraçar. "Os tiros pareciam dentro de casa", conta Liliane.

Moradores de favelas protestam no Rio após megaoperação com 121 mortos

Quais são as consequências destas operações para a comunidade?

Nádia Santos também traz seu lamento, uma mãe que já perdeu dois filhos ao fogo policial. Cleyton e depois Cleyverson, seus meninos, foram alvos de uma violência que ceifa o que ela chama de "o futuro e os sonhos dos jovens". A crítica de Nádia ao estado resume-se na falta de oportunidades para esses jovens que muitas vezes acabam abraçados pelo tráfico.

"Nenhuma mãe cria seu filho para vê-lo tombar sem vida. Eu ainda sangro pela morte dos meus filhos..." - declara Nádia, ao participar do ato.

Quais injustiças enfrentam os afetados?

Adriana Santana de Araujo, mãe de Marlon, uma das vítimas de uma operação anterior no Jacarezinho, estava entre os presentes. Além da perda, Adriana lutou contra difamações virtuais que culminaram em ameaças à sua segurança, forçando-a a deixar o lar de quase quatro décadas.

Ela lembra com dor do preconceito que sofreu ao tentar retomar sua vida: "Um cliente, ao me ver, ameaçou-me como se fosse um criminoso."

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Qual foi a dimensão da Operação Contenção?

Realizada com o objetivo de cumprir 100 mandados de prisão contra o Comando Vermelho, a operação mobilizou cerca de 2,5 mil agentes e conquistou um infeliz recorde de letalidade nos últimos 15 anos. Entre os mortos, 4 eram policiais e 117, civis. Sob análise, 42 dos civis possuíam mandados pendentes.

Denúncias de familiares e entidades descreveram a operação como "chacina" e "massacre", relatando intensa brutalidade e alegações de tortura das vítimas. Questiona-se o rigor e propósito de tais intervenções cujo saldo deixa marcas profundas e cicatrizes difíceis de cicatrizar nas comunidades marginalizadas.

O protesto de sexta-feira foi um grito coletivo de dor e uma busca intransigente por justiça, esperança e um pedido por uma abordagem mais humana e compassiva.



Com informações da Agência Brasil

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