A semana foi marcada por dor e incerteza para muitas famílias que perderam entes queridos na operação policial que abalou o Rio de Janeiro. O Instituto Médico Legal (IML) tem sido o ponto final de uma jornada triste para aqueles que buscam respostas após a Operação Contenção nos complexos da Penha e do Alemão. Mesmo com o alívio de finalmente encontrar os corpos, o amargor da perda se mistura à indignação diante das circunstâncias trágicas.
Em meio a lágrimas e questionamentos, algumas famílias já começam a deixar o IML após reconhecerem seus parentes. Até o último balanço, restavam oito corpos a serem identificados. Entre esses relatos, a história de Karine Beatriz, de 26 anos, grávida e agora viúva, ganha destaque pela dor e desespero. Após três dias de buscas, ela encontrou o corpo do seu companheiro, Wagner Nunes Santana, em um lago.
Qual o impacto emocional para as famílias das vítimas?
Para Karine, como para muitos outros, a dor da perda é amplificada pelo modo como tudo aconteceu. Em suas palavras, mesmo que Wagner tivesse cometido erros, ele era um pai de família, um trabalhador, alguém que cuidava de suas responsabilidades e proporcionava momentos de alegria em casa. "Ele estava sempre lá para nós, ajudando a erguer uma casa na comunidade, brincando com minha filha. Eram momentos que não voltarão", desabafa.
É possível encontrar justiça e respostas?
Karine e outros familiares exigem respostas das autoridades. A pergunta que ecoa em suas mentes é sobre a real necessidade e a forma como a operação foi conduzida. "Eles não vieram para prender, vieram para matar", acusam. A alegação de que mesmo quem se entregou foi executado torna tudo ainda mais revoltante.
Quais foram os resultados da Operação Contenção?
O governo do Rio de Janeiro justificou a operação como um esforço para conter a expansão do Comando Vermelho. De acordo com dados do IML, 99 pessoas foram identificadas, das quais 42 tinham mandados de prisão em aberto. A operação revelou o funcionamento de uma centro de atividades criminosas nas comunidades, onde a venda de drogas e armas era coordenada.
O que dizem as autoridades sobre a operação?
Ainda que a eficácia da ação e seu custo em vidas sejam questionados, o governador Cláudio Castro defende os esforços. Ele afirma que as investigações e a ação de inteligência tiveram êxito ao identificar "narcoterroristas" e destacar a necessidade de interação entre os estados para enfrentar o tráfico de drogas. "Estamos comprometidos em entregar relatórios completos aos órgãos competentes", declarou.
A operação pode ter parado, mas as perguntas e o sofrimento das famílias afetadas prometem deixar marcas duradouras na sociedade carioca.
Com informações da Agência Brasil