Nos últimos anos, a indústria brasileira criou nada menos que 910,9 mil vagas de emprego, sinalizando um aumento de 12% no número de postos de trabalho de 2019 a 2023. Esse crescimento fez com que o setor industrial alcançasse a marca de 8,5 milhões de pessoas empregadas em 376,7 mil empresas. Esses dados, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), refletem um período de recuperação e apontam tendências interessantes sobre a economia local.
Mas o que esses números significam na prática? Observando a história recente, esta é a maior quantidade de trabalhadores na indústria desde 2015, quando 8,1 milhões estavam empregados. Embora seja um progresso, ainda estamos 272,8 mil empregados abaixo de uma década atrás. Vamos então mergulhar nos setores para entender melhor o que está movendo essa engrenagem.
O que impulsiona a indústria alimentícia?
Na lista de atividades que mais cresceram, a fabricação de produtos alimentícios brilha. Este setor não apenas liderou na contratação, mas também apresentou o maior crescimento no número de trabalhadores, com um salto de 373,8 mil, totalizando 2 milhões de empregados. Isso representa quase um quarto da mão de obra total da indústria nacional!
Marcelo Miranda, analista da pesquisa, contextualiza esse avanço como uma combinação de fatores internos e externos, citando "uma melhora na expectativa de consumo e na demanda internacional pelos produtos brasileiros”.
Enquanto o setor alimentício avança, outros segmentos não tiveram o mesmo sucesso. A fabricação de coque, produtos derivados de petróleo e biocombustíveis, além dos ramos de impressão e reprodução de gravações, experimentaram quedas significativas no número de empregados.
Como os empregos estão distribuídos na indústria?
Uma análise interessante do IBGE revelou que, em média, as empresas industriais contam com 23 empregados. Contudo, algumas variações são notórias. As indústrias extrativas, por exemplo, como a exploração de petróleo, apresentaram uma média muito maior de trabalhadores, exemplificada pelas 436 pessoas por empresa na área de fabricação de coque.

Remuneração: a indústria paga bem?
A remuneração média na indústria ficou em 3,1 salários mínimos, inalterada em relação a 2019 e 2022, mas ainda abaixo dos 3,5 salários mínimos de 2014. É importante mencionar que esses valores não são ajustados pela inflação, o que deve ser levado em consideração ao analisar o poder de compra dos trabalhadores.
"Os resultados precisam ser interpretados com cautela, pois refletem ajustes do salário mínimo e não a inflação cumulativa", alerta o relatório.

Observe a contribuição para o PIB: quem lidera?
Em termos econômicos, as indústrias brasileiras faturaram R$ 6,45 trilhões em 2023. E quando falamos de transformação industrial — um parâmetro importante — o setor alimentício novamente tomou a liderança, com 16,8% de participação, seguido de perto pela extração de petróleo e gás natural.
A fabricação de veículos, que antes ocupava uma posição mais alta, caiu significativamente, embora ainda se mantenha relevante na matriz industrial.
São Paulo ainda é sinônimo de indústria?
O domínio de São Paulo na indústria nacional é inegável. Em 2023, a região Sudeste respondeu por 60,9% do valor de transformação industrial, com São Paulo sendo responsável por boa parte desse número. Em qualquer fábrica do Brasil, para cada R$ 3 que geram para o PIB, aproximadamente R$ 1 vem de São Paulo.

Com uma base sólida estabelecida, como a indústria continuará a se adaptar e crescer nas próximas décadas? É uma pergunta em aberto, mas com potencial imenso de oportunidades e desafios a serem encarados por empresários e trabalhadores do setor.
Com informações da Agência Brasil