Sabe aquele baque que deixa uma sociedade toda em choque? É exatamente assim que a população iraniana se sente após o recente conflito no Oriente Médio. Por outro lado, os israelenses parecem ter saído ainda mais convictos de que a resposta está na força militar. Essa divergência de percepções escancara a complexidade da região.
Paulo Hilu, antropólogo e coordenador do Núcleo de Estudos do Oriente Médio da Universidade Federal Fluminense (UFF), comentou que, enquanto a sociedade israelense acredita ainda mais no militarismo, o povo iraniano enfrenta um trauma coletivo. "A sociedade iraniana claramente está em choque", afirmou ele, referindo-se aos danos sofridos com ataques que afetaram todo o país.
Como a oposição iraniana vê o cenário político?
Mesmo aqueles que se opõem ao regime dos aiatolás, Hilu continuou, não enxergam a guerra como um caminho para a mudança. "Eles não querem o caos absoluto", ressaltou o antropólogo, defendendo que as transformações no Irã precisam ser conduzidas por vias internas e políticas, não pela força.
O que o futuro reserva para o governo iraniano?
Hilu pontua que, apesar da oposição e das pressões por reformas, o regime do Irã ainda conta com apoio em certos setores. "É uma sociedade muito sofisticada", diz, lembrando que o poder no país é dividido em uma estrutura complexa, herança da Revolução Islâmica de 1979.
Por que Israel aposta na força militar?
Por outro lado, para Israel, a guerra reforçou a crença no expansionismo militar como solução regional. "Uma sociedade que está numa espiral de radicalização", alerta Hilu, citando pesquisas que revelam o apoio majoritário da população à limpeza étnica em Gaza.
Qual o papel dos Estados Unidos no conflito?
A superioridade militar de Israel, segundo o especialista da UFF, foi demonstrada de forma contundente. Essa força levou a perdas significativas no lado iraniano e impactou até mesmo a política dos Estados Unidos. Hilu destaca que a capacidade de Israel em envolver o presidente americano em um conflito, mesmo contra suas naturais posturas isolacionistas, é um exemplo do poder da pressão de grupos pró-Israel.
Com informações da Agência Brasil