Prepare-se: em exatamente uma semana, o Rio de Janeiro se tornará o epicentro das discussões internacionais como sede da cúpula do Brics. Este evento de dois dias, que ocorrerá no icônico Museu de Arte Moderna, marca o auge da presidência brasileira rotativa no grupo de países emergentes, que frutificou de um quarteto formado por Brasil, Rússia, Índia e China para uma aliança de 11 países-membros e dez nações parceiras. O Brasil, com seu papel de anfitrião, terá a oportunidade única de influenciar as pautas que serão debatidas ao longo desses encontros significativos.
Com uma vista de tirar o fôlego para a Baía de Guanabara, líderes mundiais se reunirão para discutir questões cruciais que moldarão o cenário geopolítico. A presença do Brasil como líder formal desses debates oferece ao país a chance de definir, em certa medida, o rumo das discussões globais. Porém, até que ponto essa liderança pode impactar a posição do Brasil e do Brics no mundo?
Mas o que torna o Brics tão importante?
Você sabia que o Brics representa nações que se sentiam sub-representadas nas instituições econômicas e financeiras globais? Com seu surgimento em 2009, o grupo passou a catalisar a reforma da ordem internacional. Isso transformou as relações entre os membros, elevando a cooperação internacional para novas alturas. Um exemplo disso é o Novo Banco de Desenvolvimento, liderado pela ex-presidente Dilma Rousseff, que simboliza a capacidade de inovação deste bloco internacional.
O acréscimo de novos membros fortalece ou ameaça o protagonismo brasileiro?
Caindo diretamente na questão do alargamento do Brics, a inclusão de novos membros como Irã e Etiópia pode diluir a posição privilegiada do Brasil dentro do grupo. Porém, segundo o especialista Feliciano Guimarães, professor da USP, essa expansão, ao mesmo tempo em que aumenta a força do grupo, pode inicialmente diluir o protagonismo de alguns países, incluindo o Brasil. "Ainda é cedo para declarar um veredicto definitivo sobre o impacto para o Brasil", ele pondera.
O Brics se transformaria em um bloco antiocidental?
Feliciano Guimarães também enfatiza que o Brasil não permitirá que o Brics se torne um bloco contrário ao Ocidente. "Nosso objetivo não é entrar em conflito com o Ocidente", diz o professor, apontando que o Brics procura reformar, e não substituir, a ordem internacional liderada historicamente pelos Estados Unidos e Europa.
O papel do Brics na economia global: vamos deixar de lado o dólar?
Com quase metade da população mundial e grande fluxo comercial, o Brics já iniciou algumas transações diretas com moedas dos países-membros, sem passar pelo dólar. No entanto, Feliciano Guimarães chama a atenção para os cuidados que o Brasil deve ter nesse debate, uma vez que 75% das reservas internacionais brasileiras estão em dólares americanos.
O que esperar da cúpula do Brics no Brasil em termos de cooperação internacional?
A reunião pretende dar continuidade ao avanço de temas essenciais, como regulamentação de tecnologias emergentes e a transição energética. O professor destaca que essas discussões são cruciais para a cooperação entre as nações que compõem o Brics.
Qual é o papel do Novo Banco de Desenvolvimento para o Brics?
Desde sua criação, o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) tem sido um marco de sucesso para o Brics. Com um foco em projetos de infraestrutura e transição energética de baixo impacto de carbono, o banco atua de acordo com as novas tendências de investimentos verdes. O NDB oferece uma plataforma de financiamento para apoiar os membros em iniciativas vitais para o desenvolvimento sustentável.
Iniciativas brasileiras fortalecem a liderança do país em fóruns internacionais?
Além de sediar a cúpula do Brics, o Brasil acolheu, recentemente, a reunião do G20 e se prepara para a COP30 em novembro. Esses eventos sinalizam uma recuperação do prestígio internacional brasileiro, após anos de isolamento político, projetando o Brasil de volta ao centro das discussões internacionais sobre temas globais críticos.
O Brics, atualmente formado por 11 países-membros e contando com dez parceiros, continua a desempenhar um papel crucial na representação de quase metade da população mundial e de 39% da economia global. Com essa crescente influência, o grupo segue firme em sua missão de reformar a ordem internacional e promover uma maior inclusão de países em desenvolvimento nas discussões e decisões globais.
Com informações da Agência Brasil