Em um cenário de grande tensão geopolítica, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, desembarcou no México nesta terça-feira (2) para discutir questões delicadas envolvendo o combate às drogas. Essa viagem acontece em meio a ameaças de invasão militar da Venezuela, fato que tem gerado preocupação na América Latina.
A administração da Casa Branca acusa a Venezuela de liderar um cartel de drogas, justificando a mobilização de navios militares próximos à costa do país, uma estratégia que muitos especialistas contestam. A ideia de que a Venezuela seria um “narcoestado” é amplamente desmentida por analistas do mercado internacional de drogas, adicionando uma camada de complexidade a um já intrincado jogo político.
A visita de Marco Rubio ao México e, posteriormente, ao Equador, é uma jogada estratégica sob a bandeira das "ameaças narcoterroristas", segundo um comunicado oficial. Entre os tópicos na agenda estão: “Não aceitamos interferência, violação do nosso território ou subordinação, mas sim colaboração entre nações em igualdade de condições. É isso que colocamos na mesa e foi aceito”, afirmou Claudia Sheinbaum, a presidenta do México, destacando a soberania nacional em meio às negociações. Em Caracas, o discurso é marcado pela resistência. O presidente Nicolás Maduro, em declarações enfáticas, destacou que os Estados Unidos teriam mobilizado oito embarcações de guerra, além de um submarino nuclear, contra seu país. Ele classificou as ações como "uma ameaça extravagante" e declarou que, se atacada, a Venezuela se tornaria uma “república em armas”. "Querem arrastá-lo para um banho de sangue, para que seu sobrenome, Trump, fique manchado de sangue para sempre,” alertou Maduro sobre o possível envolvimento dos EUA em uma guerra terrível na América do Sul e no Caribe. Apesar do aumento da tensão, Maduro argumenta que as ações dos EUA com relação ao tráfico de drogas são uma fachada para uma mudança política na Venezuela. Segundo ele, “a maior ameaça ao país nos últimos 100 anos” visa desestabilizar o governo e ampliar a influência norte-americana na região. Ao seguir para o Equador, o secretário Marco Rubio encontra um aliado alinhado às políticas da Casa Branca. O presidente Daniel Noboa vem adotando posturas duras, refletidas no aumento da militarização contra o narcotráfico e na proposta de permitir bases militares estrangeiras no seu território, algo que transforma o Equador num ponto chave nessa equação geopolítica. Com o tráfico migrando após o desmantelamento das Farcs, o Equador tem se tornado uma rota crítica para o narcotráfico, algo que as autoridades norte-americanas estão ansiosas para conter. A visita de Rubio também levanta questões sobre o envolvimento equatoriano no narcotráfico, especialmente através das exportações de bananas — uma das maiores do mundo. Relatórios apontam que cerca de 70% da cocaína contrabandeada está oculta nesses carregamentos, subsidiando argumentos de que o Equador é uma peça fundamental no tabuleiro do tráfico internacional. Com todas essas peças em jogo, a batalha retórica e política envolvendo EUA, Venezuela, México e Equador continua a aquecer, enquanto as páginas da história contemporânea da América Latina se escrevem com tensões, ameaças e interesses que prometem virar manchetes mundo afora.O que realmente está em jogo?
O que a Venezuela está fazendo para se defender?
O papel do Equador na estratégia dos EUA
Bananas e o narcotráfico: qual é a ligação?
Com informações da Agência Brasil