Você já parou para pensar no impacto que a pornografia tem na vida dos jovens? Para muitos, esse é o primeiro ponto de contato com a sexualidade, mas tudo sem diálogo ou orientação. Com o fácil acesso ao conteúdo adulto, as novas gerações estão descoberta de uma maneira completamente diferente o corpo, o prazer e o desejo.
A psicóloga Laís Mutuberria, especialista em saúde mental, destaca como isso afeta o desenvolvimento emocional e sexual dos jovens. A exposição precoce aos conteúdos adultos pode distorcer a percepção de corpo, prazer e relações afetivas. Esse impacto pode gerar dependência e dificultar a formação de vínculos emocionais verdadeiros.
O que dizer sobre o estímulo intenso e risco de dependência?
Do ponto de vista psicológico e neurocientífico, você sabia que a pornografia funciona como um estímulo de alta intensidade? Ela ativa repetidamente os circuitos cerebrais ligados ao prazer e à motivação, principalmente os sistemas dopaminérgicos.
De acordo com Laís Mutuberria, essa “descarga” rápida de dopamina cria um padrão de reforço que favorece a dependência. Com o tempo, o cérebro se condiciona a essa intensidade, buscando quantidades cada vez maiores de estímulo para atingir o mesmo nível de excitação. O vício em pornografia, ela explica, não é questão moral, mas sim de saúde mental.
Como as expectativas irreais causam desconexão emocional?
Muitos adolescentes, ao serem expostos precocemente à pornografia, acabam desenvolvendo uma percepção distorcida tanto do corpo quanto das relações afetivas. Ao invés de aprenderem sobre a importância do vínculo, muitos acabam associando o prazer à performance e à dominação, destaca a psicóloga.
Na vida adulta, essa distorção pode resultar em disfunções sexuais, isolamento e dificuldades em estabelecer vínculos afetivos verdadeiros. Laís Mutuberria enfatiza que a pornografia impõe uma lógica de excitação imediata e poder, desconectando o sujeito da verdadeira experiência sensorial e afetiva. Essa situação fragiliza a relação com o próprio corpo, destacando a ideia de uma cena a ser representada em vez de uma relação a ser sentida.
Porque esse é um problema individual e coletivo?
A especialista explica que os efeitos da pornografia ultrapassam o nível individual, moldando imaginários de gênero, reforçando desigualdades e normalizando práticas violentas. Por isso, é essencial promover políticas públicas, práticas educativas e conversas em família que incentivem o desenvolvimento de uma sexualidade baseada no respeito e consentimento.
Laís defende que devemos falar sobre prazer de forma responsável, sem tabus, e acolher homens e adolescentes que são os principais consumidores de pornografia. Cuidar da sexualidade é cuidar da saúde mental e afetiva, conclui ela.
Por Annete Morhy
Redação EdiCase