O fim de ano é sempre um período repleto de festas, alegrias e união familiar. No entanto, para aqueles que convivem com o Transtorno do Espectro Autista (TEA), essas celebrações podem se tornar desafiadoras, especialmente no caso das crianças. Afinal, como garantir que o clima de festa não se transforme em motivo de estresse?
De acordo com o Censo Demográfico 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil possui 2,4 milhões de pessoas diagnosticadas com autismo. Isso representa 1,2% da população, sendo 1,4 milhões homens e 1 milhão mulheres. Com um olhar atento às necessidades dessas pessoas, é possível criar um ambiente mais inclusivo e acolhedor durante as festas.
Como o barulho dos fogos de artifício impacta as crianças autistas?
Fogos de artifício são um grande símbolo das comemorações de fim de ano. No entanto, para crianças com hipersensibilidade auditiva, eles podem ser um grande pesadelo. Você já parou para pensar como é enfrentar aquele estrondo todo quando não se espera?
"O barulho intenso dos fogos pode estimular uma crise sensorial devido à sobrecarga de estímulos", explica Thalita Possmoser, psicóloga e especialista em ABA. Em São Paulo, a Lei Estadual nº 17.389/2021 proíbe a queima de fogos com estampido, ajudando a reduzir o impacto em pessoas com TEA, idosos e animais.
Por que as mudanças de rotina e ambientes desconhecidos são tão desafiadores?
Além do som dos fogos, as festas de fim de ano costumam mexer bastante com a rotina da casa. E sabemos que pessoas com TEA têm uma grande necessidade de rotina para se sentirem seguras. Como então equilibrar novidade e conforto?
"As famílias de crianças com autismo costumam organizar sua rotina em torno deste membro", destaca Thalita Possmoser. "Mudanças bruscas devem ser comunicadas à criança com a maior antecedência possível".
Como tornar as festas de fim de ano mais inclusivas?
Com um pouco de organização e empatia, é possível criar um ambiente acolhedor para todos. Aqui estão algumas dicas práticas que podem ajudar:
1. Por que a previsibilidade é importante?
Explique antecipadamente para a criança onde, quando e por que as festas ocorrerão. Ferramentas visuais como calendários e vídeos podem ajudar a mostrar o que esperar.
2. Como criar um espaço de refúgio?
Reserve um lugar tranquilo e seguro onde a criança possa se retirar se necessário. Converse com os anfitriões sobre a importância desse espaço.
3. Como proteger a audição das crianças autistas?
Use protetores auriculares ou fones com cancelamento de ruído. Durante fogos de artifício, permaneça em um ambiente interno quando possível.
4. Por que controlar a iluminação faz diferença?
Prefira luzes estáticas em vez de piscantes e ajuste a intensidade da iluminação para evitar desconfortos sensoriais.
5. Como respeitar os limites individuais?
Permita que a criança escolha roupas confortáveis e respeite seu tempo de permanência. Tenha sempre um plano B para sair mais cedo, se necessário.
6. Como manter a familiaridade durante as festas?
Leve brinquedos e alimentos preferidos para evitar mudanças abruptas na alimentação ou rotina, proporcionando mais segurança.
7. Qual a importância da comunicação com familiares e convidados?
Explique previamente aos convidados sobre os desafios do TEA e como eles podem ajudar a criar um ambiente de respeito e acolhimento.
8. Como acolher com demonstrações de afeto?
Se a criança aceitar, abraços apertados podem consolá-la em momentos estressantes, proporcionando uma sensação de proteção.
Adotar essas medidas pode transformar momentos de estresse em celebrações verdadeiramente felizes para toda a família. Como Thalita Possmoser sugere, "cada criança é única e pode precisar de estratégias personalizadas". Contar com o apoio de profissionais especializados pode fazer toda a diferença.
Por Letícia Carvalho
Redação EdiCase