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BRASIL

Pesquisador indígena cataloga 150 plantas medicinais de seu território

No coração da Terra Indígena Caramuru/Paraguassu, no sul da Bahia, uma pesquisa busca resgatar o que foi perdido: tratamentos tradicionais para doenças comuns na comunidade Pataxó Hã-Hã-Hãi—verminoses, diabetes e hipertensão. Conduzida por Hemerson Dantas

12/07/2025

12/07/2025

No coração da Terra Indígena Caramuru/Paraguassu, no sul da Bahia, uma pesquisa busca resgatar o que foi perdido: tratamentos tradicionais para doenças comuns na comunidade Pataxó Hã-Hã-Hãi—verminoses, diabetes e hipertensão. Conduzida por Hemerson Dantas dos Santos Pataxó Hãhãhãi, etnobotânico e doutorando da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), essa investigação não só mira a saúde de hoje, mas também reconecta com conhecimentos ancestrais.

Hemerson não está sozinho nesta jornada. Ele conta com o apoio de sua orientadora e vê na pesquisa uma maneira de revelar o impacto histórico do deslocamento e da destruição ambiental. Mas como a ancestralidade pode sobreviver após décadas de invasões e disputas por terra? A história tumultuada desse território fala por si.

Qual é a origem do conhecimento tradicional sobre plantas?

Nos anos 1920, a Terra Indígena Caramuru/Paraguassu foi reconhecida como reserva. No entanto, expansão agrícola e políticas governamentais agressivas nos anos 40 e 70 quase apagaram a presença indígena. "Grande parte da mata virou pastagem", conta Hemerson. E assim, com a vegetação, se foram muitas plantas e conhecimentos.

Como a pesquisa pode resgatar o que foi perdido?

Mesmo com a retomada da terra reconhecida pela Funai nos anos 80, Hemerson teve que enfrentar um cenário quase desértico de flora nativa. Contudo, ele encontrou seu caminho de volta às raízes, guiado por relatos de anciões que mantinham viva a lembrança do que existiu.

Hemerson e sua orientadora, Eliana Rodrigues, destacam a importância do mastruz no combate a verminoses, a moringa para diabetes, e o capim-cidreira contra a hipertensão. "Hemerson é o primeiro pesquisador etnobotânico do mundo", afirma Eliana, destacando a inovação e importância de seu trabalho.

Como as descobertas se conectam à ciência moderna?

Surpreendentemente, 79% das plantas estudadas já haviam sido descritas na literatura científica recente, provando que esse conhecimento ancestral tem ressonância com práticas científicas modernas.

Quais são os próximos passos para a pesquisa e a comunidade?

Com os resultados, Hemerson pretende transformar suas descobertas em um livro e guias práticos para uso das plantas. Ainda, foi criado um viveiro na aldeia, garantindo um recomeço tanto para o conhecimento antigo quanto para a revitalização das plantas medicinais.

"Já estão desenvolvendo mudas no canteiro para distribuir ali entre os indígenas", completa Eliana, vislumbrando um futuro onde o passado e o presente caminham juntos.



Com informações da Agência Brasil

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