Imagine enfrentar não só a dor de perder alguém querido de maneira brutal, mas também encarar um sistema judiciário lento e ineficaz para obter justiça. Esta é a realidade dolorosa enfrentada pelas famílias das vítimas da Chacina de Osasco, Itapevi e Barueri. Este trágico episódio, que tirou a vida de 19 pessoas, completa uma década e ainda lança sua sombra sobre a justiça brasileira. Mas, o que impede que as famílias encontrem paz e as soluções que buscam? Vamos descobrir.
Sem acesso a indenizações adequadas, muitas famílias foram profundamente afetadas, não apenas na esfera emocional, mas também financeiramente. Zilda Maria de Jesus é um desses exemplos. Após perder seu filho Fernando Luiz de Paula, morto em um bar de Barueri, Zilda ainda lida com a demora nos processos e a falta de compensação. Em suas palavras partilhadas com a Agência Brasil: “Nós não temos nem o direito de guardar o luto”.
Por que a justiça demora tanto?
O prolongamento dos processos judiciais é uma realidade constante. Muitas famílias, como a de Zilda, enfrentam o impasse da burocracia e a resposta lenta da justiça. Carla Osmo, professora da Unifesp e especialista em direitos humanos, explica que essa demora agrava ainda mais o sofrimento ao desvalorizar as vidas perdidas e marginalizar as famílias. Você já se perguntou o impacto emocional que essa omissão traz?
A lentidão do sistema judicial não é mera alegação. Dos processos relacionados à chacina, apenas dois chegaram à fase de execução. Mas, até o momento, as indenizações não foram pagas, perpetuando um ciclo de frustração e dor.
Qual é a responsabilidade do Estado?
Não se trata apenas de agentes individuais, mas de uma responsabilidade institucional que o Estado parece relutar em reconhecer. As famílias buscam, através da justiça, esse reconhecimento, enquanto lidam com a frustração de processos contínuos e desafiadores.
Carla Osmo destaca que, em uma ampla gama de processos investigados pela Clínica de Direitos Humanos da Unifesp, o que se observa é um padrão de contestação por parte do Estado, prolongando ainda mais a resolução dos casos. Questões como a exigência de provas excessivas e alegações de "enriquecimento sem causa" só agravam este cenário.
Dez anos depois: o que mudou?
Embora uma década tenha se passado desde a chacina, pouco parece ter mudado. Para as famílias, a dor é tão presente quanto antes. “O tempo não apazigua: é como se tivesse acontecido agora”, compartilha Osmo, ao descrever a incessante angústia das mães das vítimas.
"O apagamento é cúmplice da persistência," diz Osmo. "Esquecer o que ocorreu significa permitir que a violência de Estado continue sem freios no futuro", alerta.
Seria possível que esta persistência na luta por justiça traga um dia alguma paz para essas famílias? Talvez. Entretanto, casos como o de Zilda Maria de Jesus nos lembram que há muito por fazer, e que discutir esses assuntos é crucial para evitar que tais violências se repitam.
Na busca de entendimento e amparo, os esforços atuais envolvem tanto o apoio direto às famílias quanto o desenvolvimento de conhecimento sobre essas tragédias coletivas que envergonham o nosso sistema de justiça.
Com informações da Agência Brasil