O Instituto Marielle Franco introduziu novidades no cenário de direitos humanos nesta quarta-feira (27), às 19h, na Câmara dos Deputados, em Brasília. Foi o lançamento de uma pesquisa inédita, intitulada “Regime de ameaça: a violência política de gênero e raça no âmbito digital (2025)”. Esse estudo é um alarme para a gravidade dos ataques que as mulheres negras sofrem ao tentar ocupar espaços políticos no Brasil. Você já parou para pensar no que essas mulheres enfrentam diariamente para deixar sua marca no poder?
A pesquisa nos revela que a violência não é esporádica, mas sim um fenômeno sistemático e coordenado. Em números chocantes, 71% das ameaças incluem morte ou estupro, e de cada 10 ameaças de morte, seis fazem referência ao brutal assassinato de Marielle Franco. Essa reincidência serve de aviso macabro para as mulheres negras que ousam sonhar com posições de liderança.
Por que a violência política digital persiste?
A maioria das vítimas são mulheres negras cis, trans e travestis, LGBTQIA+, originárias de comunidades periféricas, defensoras de direitos humanos, parlamentares, candidatas e ativistas. Esses dados foram coletados por diversas instituições como o Instituto Marielle Franco, Instituto Alziras, Portal AzMina, o coletivo Vote LGBT, e o Internet LAB, além de parcerias com a Justiça Global e Terra de Direitos.
"São mulheres que carregam, na vida e na luta, a base que sustenta este país, mas seguem invisibilizadas. A violência que atinge cada uma delas é também uma violência contra a democracia", afirma Luyara Franco, diretora executiva do IMF e filha de Marielle.
Quais as recomendações da pesquisa?
A pesquisa propõe medidas práticas, como a elaboração de uma Política Nacional de Enfrentamento à Violência Política de Gênero e Raça. Esta política visa orientar o Estado, o Legislativo, a sociedade civil e as plataformas digitais a proteger as mulheres negras na política.
Com dados sólidos, a pesquisa reafirma que a violência política digital é parte de um mecanismo para afastar essas mulheres dos espaços de decisão. É um chamado para quebra de barreiras e uma luta por um ambiente político mais justo.
"Queremos que essa publicação sirva de base para ações concretas de proteção e para responsabilizar agressores e plataformas digitais. Nosso compromisso é com a memória, a justiça e a construção de um país em que as mulheres possam existir e disputar espaços políticos sem medo”, complementa Luyara.
Uma luta contínua: Quem é o Instituto Marielle Franco?
Fundado em 2019 pela família de Marielle, o Instituto Marielle Franco é uma ONG que se propõe a perpetuar a memória da vereadora enquanto empodera mulheres negras, pessoas LGBTQIA+ e periféricas. Com objetivos claros de justiça e igualdade, o Instituto busca inspirar e conectar essas vozes fortes em uma trajetória rumo a um mundo onde todos tenham vez e voz.
Com informações da Agência Brasil