Nos últimos anos, o Brasil observou um preocupante aumento nas emissões de metano, alcançando 21,1 milhões de toneladas entre 2020 e 2023. Este é o segundo maior nível já registrado, segundo dados divulgados pelo Observatório do Clima. Você já parou para pensar no impacto disso? Apesar de ficar menos tempo na atmosfera, o metano é 28 vezes mais nocivo para o aquecimento global do que o gás carbônico ao longo de um século.
O cenário se torna mais alarmante ao considerarmos que o Brasil se comprometeu, em 2021, a cortar 30% das emissões de metano até 2030, como parte de um acordo ratificado por outros 150 países. Com pouco tempo restante, ainda não se observam ações significativas para alcançar essa meta.
Por que o aumento das emissões de metano é preocupante?
O coordenador do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa, David Tsai, enfatiza a urgência da situação. "Isso indica que a gente precisa ter atenção. Nesses últimos dois anos a gente ainda tá vendo a trajetória de emissões ascendentes e pouco compromisso com relação a reduzir, especificamente, as emissões de metano", afirma Tsai, destacando a necessidade de ações de mitigação direcionadas.
Quais são as principais fontes de emissão de metano no Brasil?
Um dos maiores responsáveis por essa liberação de metano é a agropecuária, que ocupa 75% das emissões, com destaque para os arrotos de bois, que somam quase 70% desse total. O rebanho bovino, entre 2020 e 2023, cresceu de 218 milhões para 239 milhões de cabeças, contribuindo para esse aumento.
Como reduzir as emissões de metano na agropecuária?
Segundo Gabriel Quintana, analista de Ciência do Clima do Observatório, técnicas podem ser implementadas para reduzir significativamente as emissões até 2035:
- Manipulação da dieta animal;
- Melhoria no manejo da alimentação do rebanho;
- Melhoramento genético para maior produtividade com mitigação de metano;
- Redução do tempo de abate.
Outras fontes de emissão de metano podem ser controladas?
O setor de resíduos é outro grande emissor, devido aos dejetos em lixões, além dos desmatamentos e queimadas. Embora complexas, as emissões dos setores de energia e de processos industriais são tecnicamente controláveis. Quanto à queima de lenha em áreas rurais e periféricas, a solução exige soluções conjuntas climáticas e sociais, incluindo o acesso a fogões eficientes.
Com informações da Agência Brasil