O policial penal José Rodrigo da Silva Ferrarini foi preso após um incidente chocante envolvendo o entregador Valério de Souza Junior. Durante a madrugada de sábado (30), em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio de Janeiro, José Rodrigo, contrariado pelo fato de Valério não subir com o pedido de comida até seu apartamento, disparou contra o pé do entregador. Como consequência, Ferrarini está afastado de suas funções por 90 dias.
O caso rapidamente ganhou destaque, sendo filmado pelo próprio Valério e amplamente divulgado nas redes sociais. Após o ocorrido, Valério precisou buscar atendimento médico no Hospital Municipal Lourenço Jorge e registrou queixa na 32ª Delegacia de Polícia. O distúrbio gerou um debate importante sobre a segurança e os direitos dos entregadores, um tema que, lamentavelmente, costuma ser negligenciado.
O que aconteceu após a prisão de José Rodrigo?
A arma de José Rodrigo foi imediatamente recolhida pelos investigadores, que também colheram depoimentos para fundamentar o pedido de prisão preventiva do agente penal. Esta medida visa assegurar o andamento do processo judicial, mantendo o suspeito detido mesmo sem uma condenação sentencial definida.
"Ao ver o cerco se fechar e após negociação com os agentes, o autor se apresentou na Cidade da Polícia [complexo que reúne delegacias especializadas], onde o mandado foi cumprido", informou a Polícia Civil em um comunicado.
Como a sociedade reagiu?
Valério, manifestando-se nas redes sociais, agradeceu o apoio recebido e pediu para que o público não hostilizasse moradores do local. Ele explicou que o agressor vivia de aluguel e já deixou a residência.
Em resposta ao ocorrido, a Secretaria estadual de Administração Penitenciária manteve a prisão de José Rodrigo após uma audiência de custódia, transferindo-o para o presídio Constantino Cokotós, uma unidade destinada a policiais detidos. Em nota, a entidade "repudia com veemência a conduta abominante atribuída ao servidor" e abriu um processo administrativo disciplinar contra ele.
Qual foi a posição do iFood?
O iFood, plataforma usada por Valério para realizar sua entrega, lamentou profundamente o incidente e sublinhou seu comprometimento em não tolerar qualquer violência contra seus parceiros. A empresa anunciou sanções ao cliente que descumpriu as regras, que podem incluir desde advertências até o banimento da plataforma.
Além disso, o iFood se comprometeu a fornecer assistência jurídica e psicológica a Valério, em parceria com a organização Black Sisters in Law. "Esperamos que o caso não fique impune e que Valério Junior se recupere rapidamente", declarou a empresa.
Recentemente, o iFood lançou uma campanha no Rio incentivando clientes a buscar seus pedidos na portaria dos prédios, demonstrando respeito pelos entregadores.
O que outros casos nos ensinam?
Esse não é um caso isolado. Em março de 2024, um evento semelhante ocorreu quando o entregador Nilton Ramon de Oliveira foi baleado por um policial militar. Em 2023, Max Ângelo dos Santos enfrentou agressões, especificamente sendo atacado com uma coleira de cachorro. Esses casos destacam um padrão alarmante de violência contra pessoas que apenas estão cumprindo seu trabalho de entregadores.
Com informações da Agência Brasil