Em um ato de fé e resistência, mais de uma centena de praticantes e simpatizantes das religiões de matriz africana se reuniram em Brasília, no último domingo, 7 de setembro. O evento, denominado Caminhos para Exu, surge como uma poderosa manifestação contra a intolerância religiosa, promovendo o respeito e a convivência harmoniosa entre diferentes crenças.
Inspirado pela Marcha para Exu, realizada em São Paulo, o encontro na capital federal simboliza um grito de "existência e vida". Conforme explica a cantora Kika Ribeiro, idealizadora do projeto, o desejo é claro: mostrar a diversidade cultural e religiosa dos povos de terreiro e celebrar essa rica herança e tradição.

Caminhos para Exu celebra resistência dos povos de terreiro, em Brasília - Bruno Peres/Agência Brasil
Por que caminhar por Exu?
A coordenadora cultural Marina Mara afirma que o evento não apenas reuniu adeptos das tradições africanas, mas também atraiu simpatizantes e curiosos, encantados pelos ritmos dos atabaques e agogôs. Para ela, Exu é sinônimo de "comunicação, comunhão, prosperidade", destacando o papel essencial dessa divindade como mensageiro dos planos humano e divino.
Como a Biblioteca Demonstrativa apoia a diversidade cultural?
A Biblioteca Demonstrativa, por meio de sua exposição Cartas à Tereza, prorroga sua homenagem à líder quilombola Tereza de Benguela, unindo-se ao evento com o desejo de fomentar a expressividade cultural. Kika, em fala entusiasmada, sublinha que o apoio da instituição é vital para a visibilidade de manifestações culturais tão distintas.
O que motivou a participação de yalórisás?
Yalórisá Francys de Óya partiu de Samambaia especialmente para o encontro, trazendo consigo a mensagem de que as religiões de matriz africana são, acima de tudo, alegria e prosperidade. Francys ressalta como é essencial desmistificar preconceitos e celebrar a essência vibrante e positiva dos povos de terreiro.

Manifestação na capital foi inspirada na versão que ocorre há três anos em São Paulo, a Marcha para Exu - Bruno Peres/Agência Brasil
Dados sobre as religiões de matriz africana no Brasil
Conforme o Censo de 2022, as religiões de matriz africana correspondem a 1% da população brasileira, marcando um crescimento expressivo de mais de 300% desde 2010. Contudo, apesar desse aumento, a intolerância persiste, fazendo com que tais manifestações religiosas sejam frequentemente alvos de discriminação.
Francys resume o espírito do evento: "O Caminhos para Exu é para desdemonizar nosso orixá, revelando que Exu é amor e beleza. Olhe para esta festa, para este povo lindo", concluiu ela, exaltando a importância de tal encontro para a promoção de um futuro mais inclusivo.
Com informações da Agência Brasil