Imagine tentar reconstruir sua vida após cumprir uma pena em um dos presídios brasileiros. Desafios não faltam, especialmente em um cenário onde o preconceito ainda predomina. A TV Brasil destaca essa realidade no novo episódio do programa Caminhos da Reportagem, que vai ao ar nesta segunda-feira (22) às 23h, abordando o tema "Egressos do sistema penal buscam nova chance". Prepare-se para conhecer histórias de superação de quem batalha por um recomeço.
A Lei de Execução Penal determina que o Estado deve oferecer educação e trabalho aos detentos, mas como está a aplicação dessa lei na prática? Infelizmente, apenas cerca de 25% dos internos no Brasil têm acesso ao trabalho, um índice que cai drasticamente em regiões como o Rio de Janeiro, onde somente 3% dos presos trabalham. O programa vai além das estatísticas e traz relatos de quem vive essa realidade.
Como superar as barreiras do sistema prisional?
Segundo Sandro Barradas, diretor de Políticas Penitenciárias da Secretaria Nacional de Políticas Penais, a estrutura inadequada dos presídios dificulta o cumprimento das leis. "O sistema prisional foi criado para prender, não para ressocializar", explica Barradas, mas ele reconhece que há avanços significativos nas últimas duas décadas.
O Caminhos da Reportagem apresenta exemplos inspiradores de programas que buscam reintegrar ex-detentos na sociedade. Um deles é Amanda Tamires Freitas, que aprendeu a costurar na Penitenciária Talavera Bruce, no Rio de Janeiro. Pergunte a ela sobre seu trabalho, e ouvirá a palavra "terapia". "O trabalho me ajuda a ser uma pessoa melhor, a sustentar meus filhos lá fora. É uma terapia".
É possível mudar a realidade com educação?
O lançamento do plano Pena Justa em fevereiro deste ano busca corrigir desigualdades educacionais. José Rotondano, desembargador do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), defende que todas as unidades prisionais do país contem com escolas permanentes. "Existem muitas pessoas dentro do sistema prisional brasileiro que não sabem ler nem escrever. Todas estas questões estão contempladas no plano: cursos profissionalizantes, remição de pena pela leitura e trabalho".
Quais são as oportunidades após o cárcere?
A história de Sagat B é um exemplo potente de transformação. Foi na leitura que ele encontrou um novo rumo, tornando-se escritor após descobrir o poder dos livros dentro de um presídio. Sagat B agora é barbeiro, rapper, e é conhecido na luta pela ressocialização dos ex-detentos.
Outra história marcante vem da parceria com ONGs como a AfroReggae, que oferecem novas perspectivas para ex-detentos. Foi com o apoio da instituição que Diego Mister entrou no mercado audiovisual e se reencontrou com um futuro promissor. "Graças a Deus, estou podendo dar outra vivência para os meus filhos e para a minha família, porque não quero que eles passem pelo que passei", desabafa Diego.
Com informações da Agência Brasil