Imagine perder uma área de vegetação que equivale a 16 estádios do Maracanã? Foi exatamente isso que aconteceu com o Cerrado, um bioma crucial para a biodiversidade do Brasil, nos últimos 40 anos. Um estudo recente do MapBiomas revela que 249 mil hectares de superfície natural de água desapareceram. Afinal, a água que abastece rios e lagos está cada vez mais escassa, enquanto espaços de uso humano, como reservatórios e aquicultura, se expandem rapidamente. Diante desse cenário, o que o futuro reserva para o chamado "berço das águas"?
A transformação na distribuição de água pode tornar o Cerrado ainda mais seco. Bárbara Costa, analista de pesquisa do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e integrante da equipe Cerrado do MapBiomas, explica que essa mudança afeta diretamente todo o equilíbrio hídrico da região. "A combinação de desmatamento e menor disponibilidade de água natural aponta para um Cerrado mais seco, o que pode afetar o equilíbrio hídrico regional e local e também a disponibilidade de água, não só para uso humano e agricultura, mas também para os ecossistemas a longo prazo, especialmente em cenários de mudanças climáticas", destaca ela.
Por que o desmatamento no Cerrado preocupa tanto?
Desde 1985, o Cerrado já perdeu mais de 40 milhões de hectares da sua vegetação nativa, uma área maior que o estado da Bahia. Nos últimos dez anos, o desmatamento se intensificou, e a região do Matopiba — que abrange Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia — é um epicentro dessa devastação. "É a região que possui grandes blocos de remanescentes íntegros de vegetação nativa. Então, quase metade do que resta de cerrado tá lá. E é também onde a agricultura e a pecuária tem avançado de forma mais intensa nos últimos anos. E esse é um dos fatores que ajuda a explicar o avanço do desmatamento na região", explica Bárbara Costa.
Qual é o impacto futuro das mudanças no Cerrado?
Somente em 2024, cerca de 1,5 milhão de hectares de vegetação nativa foi perdido no Cerrado. Com a agropecuária como principal responsável pela ocupação de terra no bioma, as previsões não são animadoras. Se esse ritmo continuar, a disponibilidade de recursos hídricos e a integridade dos ecossistemas vão enfrentar desafios ainda maiores.
É fundamental que todos, desde o poder público até a iniciativa privada, juntos à sociedade civil, trabalhem em soluções sustentáveis. Porque, em um bioma tão crucial como o Cerrado, cada hectare perdido é um passo atrás na luta contra a degradação ambiental, afetando vida humana e animal a longo prazo. Como podemos mudar esse futuro?
Com informações da Agência Brasil