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BRASIL

Pesquisa conclui que a maioria dos casos de abusos não é denunciada

Em meio a um cenário desolador de violência sexual, uma nova pesquisa traz à tona números angustiantes: uma parte significativa dos brasileiros conhece alguém que já sofreu abuso sexual. A pesquisa "Percepções sobre Direitos de Meninas e Mulheres Grávidas

07/10/2025

07/10/2025

Em meio a um cenário desolador de violência sexual, uma nova pesquisa traz à tona números angustiantes: uma parte significativa dos brasileiros conhece alguém que já sofreu abuso sexual. A pesquisa "Percepções sobre Direitos de Meninas e Mulheres Grávidas pós-Estupro", realizada por duas renomadas entidades, revela que muitos casos de estupro ainda passam despercebidos e sem denúncia, o que expõe as vítimas a uma vulnerabilidade ainda maior.

Os dados são chocantes: mais de 60% dos brasileiros conhecem vítimas de estupro na faixa etária de até 13 anos ou mais. E o mais perturbador é que a maioria dessas meninas nunca compartilha o seu acontecimento terrível com ninguém. Apenas 27% conseguiram buscar apoio de um adulto. Além disso, o acesso a serviços essenciais de saúde após a violência é raro. Marisa Sanematsu, do Instituto Patrícia Galvão, alerta: estamos diante de uma crise de saúde pública que exige ações imediatas.

Por que o estupro é mais que um crime?

Em uma analogia impactante feita por Marisa, ela compara casos de estupro a emergências médicas: "Se uma pessoa leva um tiro, a prioridade é socorrer". Essa visão destaca a necessidade urgente de atendimento médico antes mesmo de formalizar uma denúncia. A saúde física e mental das vítimas deve ser prioritária. Entretanto, apenas 15% das meninas menores de 13 anos buscam auxílio policial, enquanto menos de 10% recebem atendimento de saúde após a violência.

Vítimas de estupro e saúde pública

Como os serviços de saúde auxiliam as vítimas?

Quando as vítimas finalmente acessam o sistema de saúde, são oferecidos tratamentos vitais: medicamentos para prevenir infecções, acompanhamento psicológico e a pílula do dia seguinte para evitar gravidezes resultantes do estupro. Contudo, a ideia de buscar ajuda pode ser ofuscada pelo medo ou pelo desconhecimento, o que Marisa Sanematsu reforça como um obstáculo crítico na recuperação.

Estupro e gravidez: o direito ao aborto existe?

É direito de toda vítima, garantido por lei, interromper uma gravidez resultante de estupro, independentemente do tempo de gestação, alerta Marisa. Em casos de gravidez mais avançada, o procedimento continua a ser seguro e autorizado. Infelizmente, o estigma que cerca este tema ainda persiste, silenciando debates e dificultando o acesso aos direitos das mulheres. A sociedade precisa entender que o corpo de uma menina não está preparado para seguir com uma gestação sem riscos significativos à sua saúde.

O estigma e a culpa: como combatê-los?

A carga emocional sobre as vítimas é devastadora. O estigma alimentado pela sociedade direciona a culpa às vítimas, enquanto a culpa verdadeira recai unicamente sobre os agressores. "A vítima precisa é de acolhimento", enfatiza Marisa. Estamos diante de uma mudança necessária de perspectiva: a violência nunca é culpa de quem sofre, mas sim de quem pratica o abuso.

Essas percepções foram coletadas através de uma pesquisa online abrangendo vários estados do Brasil, com 1.200 participantes, oferecendo um espelho alarmante de uma realidade que ainda precisa de muitas mudanças.

Texto baseado na produção original de Salete Sobreira.



Com informações da Agência Brasil

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