Ao caminhar pelos corredores do Instituto Nacional de Câncer (INCA), no Rio de Janeiro, você pode se surpreender ao encontrar um verdadeiro espetáculo acontecendo por ali. Roupas vibrantes, jalecos inusitados, maquiagem de palhaço e narizes vermelhos dão vida a um camarim improvisado onde voluntários se transformam em personagens da palhaçaria, a tradicional arte cênica circense.
Doutoras Cuca Lelê, Felícia, Margarida e o doutor Hermano são algumas das figuras que ganham vida e encantam a ala infantil do INCA como parte da Trupe Cabeça Oca. Composta por 50 voluntários, desde 2022, a trupe vem trazendo alegria e conforto aos pequenos pacientes. Verônica Montenegro, que incorpora a palhaça doutora Felícia, compartilha o imenso significado deste trabalho: “Nossa, é um momento de memória afetiva muito grande quando a gente chega. Eu acho que a gente impacta, quando nós chegamos e as crianças, elas entram naquele mundo da imaginação. E é maravilhoso pra gente essa troca”, diz.
O que acontece quando um palhaço encontra uma criança num hospital?
Por um ano e meio, Verônica Montenegro, a Dr. Felícia, tem dedicado seu tempo a essa causa e lembra de encontros memoráveis, como o de uma menina que, mesmo com o rosto inchado pelo câncer, não escondeu a alegria ao ver a sombrinha da Dr. Felícia: “Ela saiu correndo com um sorriso e os olhos brilhando. Ela falou: 'Me empresta essa sombrinha, Doutora!'”. E assim, com simplicidade e amor, formam-se lembranças eternas.
Como a palhaçaria transforma o ambiente hospitalar?
Vestida como Cuca Lelê, Roseane Saraiva percorre os hospitais há três anos. Para ela, o “cansaço da missão cumprida” vem acompanhado de uma euforia única: “São duas misturas, cansaço e euforia, então vale a pena".
Esses momentos de descontração e alegria têm um profundo impacto também sobre os acompanhantes dos pacientes. Tamires da Costa, que vivencia desde 2021 o tratamento de sua filha, afirma: “E esses momentos tornam os dias mais agradáveis aqui no hospital. (...) Isso é muito bom. Pra mim também é maravilhoso, porque ela estando bem, eu tô bem.”
Por que a arte auxilia no tratamento oncológico?
Ingrid Cristal, que está em tratamento há cinco anos, compartilha como os breves instantes de alegria proporcionados pelos palhaços mudam sua visão sobre a vida: “É um momento único assim, é o que que eles fazem. Ah, é muito inexplicável, porque é muito lindo.”
Bruna Rodrigues, coordenadora de desenvolvimento do Inca Voluntário, enfatiza que as ações lúdicas auxiliam significativamente no tratamento. “Quando promovemos essas ações, a criança entra na consulta já com uma energia mais leve. O próprio acompanhante entra um pouco mais leve também”, explica.
Como participar dessa corrente de alegria?
O Inca, parte do Ministério da Saúde, foi criado em 1937 e é um dos principais centros no tratamento contra o câncer. Com quatro unidades na cidade do Rio de Janeiro, o instituto acolhe pacientes de todo o país. Se você se sentiu tocado por essa história e deseja contribuir, basta procurar o Inca Voluntário através de seu site oficial ou nas redes sociais, e unir-se a uma corrente que transforma dor em alegria.
Com informações da Agência Brasil