O Círio de Nazaré, uma celebração carregada de fé e amor, transforma Belém do Pará em um centro fervoroso de devoção e cultura. Anualmente, milhares de pessoas se reúnem para homenagear Nossa Senhora de Nazaré na maior procissão católica do mundo. Reconhecida em 2013 pela UNESCO como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, a festividade tem papel crucial na identidade cultural do estado e no coração dos fiéis.
Em um ano particularmente significativo, o Círio coincide com a preparação da cidade para a COP30, destacando sua infraestrutura e capacidade logística. Belém já vislumbra um cenário de segurança reforçada e movimentação intensa, testando suas estruturas para o encontro tão internacional quanto religioso. Com mais de dois milhões de pessoas participando das celebrações, esta edição é apelidada de "Círio da COP".
Qual é a origem do Círio de Nazaré?
A lenda de Plácido José de Sousa, o agricultor que em 1700 encontrou a imagem de Nossa Senhora de Nazaré, dá início a uma tradição que transcende séculos. Encontrada às margens do igarapé Murutucu, a imagem teria desaparecido e reaparecido misteriosamente, impulsionando Plácido a construir uma pequena ermida no local. Este episódio marcante é celebrado anualmente, simbolizando o início de uma devoção massiva.
O que acontece durante o Círio?
O evento inicia com a Romaria Fluvial, onde mais de 400 embarcações e 50 mil pessoas participam de uma procissão reverente. Após essa cerimônia, a moto romaria e a emotiva trasladação, que dura mais de cinco horas, antecedem o ponto alto: a grande procissão. No Dia do Círio, já ao amanhecer, cerca de dois milhões de fiéis iniciam sua romaria, muitos deles dirigindo-se à Casa de Plácido, um espaço de acolhimento e fé.
Quem são os voluntários do Círio?
Segundo Maria da Conceição Rodrigues, coordenadora da Casa de Plácido, cerca de 530 voluntários – de médicos a advogados – dedicam-se ao evento. No Círio passado, 286 caravanas trouxeram aproximadamente 20.500 romeiros, além de outros 11 mil visitantes, formando um impressionante exército de fé e solidariedade. Este ano, 212 caravanas já estavam inscritas antes mesmo da abertura da casa.
“Nós somos 14 equipes de trabalho. Para vocês terem ideia, ano passado nós tivemos 286 caravanas fechadas, foram 20.500 pessoas, só de caravana. E visitantes, romeiros visitantes, foram 11 mil."
Por que o Círio emociona tanto?
As histórias comoventes de romeiros revelam os desafios e demonstrações de fé ao longo da jornada, trazendo à tona feridas do corpo e do espírito. A solidariedade manifesta-se nas ações dos voluntários que, por horas, lavam e enxugam os pés calejados dos andarilhos, num verdadeiro ato de amor e compaixão.
Como a arte celebra o Círio de Nazaré?
A arte de Aline Folha, renomada aquarelista paraense, captura a essência do Círio. Convocada pela Vale, ela ilustra as peças de comunicação do evento, utilizando elementos locais como o tacacá (paladar), os gritos de "viva" (audição) e a berlinda (visão). Sua obra simboliza não apenas o cotidiano feminino, mas também a devoção a Nossa Senhora, criando um vínculo pessoal e artístico com a procissão e seus ritos.
“Quando eu penso em Nazinha, eu só consigo realmente pensar em um agradecimento imenso, porque foi desde 2016, quando eu criei o primeiro manto... que me convidaram para fazer."
Assim, o Círio de Nazaré não é apenas uma cerimônia religiosa. É uma vivência enriquecida por histórias, arte e, acima de tudo, pela fé que une milhares de pessoas em uma emocionante jornada espiritual.
Com informações da Agência Brasil