Você sabia que, em Belém, aconteceu um evento crucial que colocou em pauta temas tão vitais quanto a justiça climática e os direitos das mulheres? No terceiro dia da Cúpula dos Povos, realizada no campus da Universidade Federal do Pará (UFPA), dezenas de organizações civis e movimentos sociais participaram de intensos debates. Entre as discussões levantadas, estava o impacto avassalador da crise climática sobre as mulheres, especialmente as que vivem na Amazônia e em territórios tradicionais. Quer saber como essas questões foram abordadas e quais foram as soluções propostas?

Como a crise climática afeta as mulheres?
Uma das conferências mais impactantes dessa sexta-feira teve como foco principal as dificuldades enfrentadas por mulheres indígenas amazônidas diante das mudanças do clima. A liderança indígena Valdenira Hino Kuin destacou como a crise climática está transformando negativamente seus territórios e a urgente necessidade de garantia dos espaços com a demarcação das terras indígenas. Em suas palavras emocionantes, compartilhou: "Nós mulheres indígenas viemos dizer sobre a mudança climática que vem nos afetando e as invasões que vem acontecendo. Nós precisamos também da demarcação dos territórios, porque sem territórios demarcados não tem como a gente fazer nossas preservações".
Por que a Pachamama é inegociável?
Dentre os vários discursos pertinentes, Lourdes Huanca, representante da Vía Campesina do Peru, explanou sobre a Pachamama, expressão inca que remete à Mãe Terra. Lourdes reforçou que não há concessões quando se trata da Terra. Com suas palavras desafiadoras e apaixonadas, ecoou: "Não negociamos com nossa mãe Pachamama, não negociamos com a Mãe Terra. Somos rebeldes, por isso, companheiras. Somos perseguidas por defender nossos territórios, por dizer não ao sangue da Pachamama, que é água. Temos que defender nossa mãe Terra, nossa avó, o mar, o rio. Sem água não há vida, por isso estamos conectadas, companheiras".
Qual é a demanda das mulheres na Carta dos Povos?
Eunice Guedes, da Articulação de Mulheres Brasileiras, abordou a falta de comprometimento financeiro dos países do Norte Global para uma transição energética justa. Ela defendeu que as demandas das mulheres sejam incluídas na Carta dos Povos, que será apresentada ao presidente da COP na audiência pública deste domingo, no campus da UFPA. Eunice ressaltou: “Mulheres diversas, atingidas, camponesas, indígenas, negras, ribeirinhas, extrativistas, possam dizer que não concordamos com isso, que nós demandamos justiça de gênero para as mulheres". Este documento promete ecoar as vozes e demandas de mulheres de todos os cantos.
O que esperar da marcha pela Justiça Climática?
Antes da entrega da Carta dos Povos, a programação da Cúpula dos Povos organiza uma mobilização significativa: a Marcha Global por Justiça Climática, que tomará as ruas de Belém e de outras cidades brasileiras neste sábado. A marcha unificada promete ser um ponto alto do evento, trazendo à tona soluções, comprometimento e, acima de tudo, espero que desencadeie ações concretas em prol de um futuro mais justo e sustentável para todos.
Com informações da Agência Brasil