Parem de nos matar. Essa foi a mensagem que ecoou nas ruas de Belém durante a Marcha Global dos Povos Indígenas nesta segunda-feira (17), um clamor por justiça e um grito de socorro pelas vidas indígenas. O ato carregou uma forte solidariedade ao recente assassinato de Vicente Fernandes Vilhalva Kaiowá, vítima de um tiro na cabeça durante um ataque à retomada Pyelito Kue, em Iguatemi, Mato Grosso do Sul, no último domingo.
A tragédia não parou por aí. Outros quatro indígenas, incluindo adolescentes e uma mulher, ficaram feridos por armas de fogo ou balas de borracha. Os agressores teriam tentado ainda sequestrar o corpo de Vicente, impedidos pela resistência da comunidade indígena.
O que dizem as lideranças indígenas sobre a violência?
Vilma Vera Caletana Rios, uma importante voz do povo Avá Guarani, da aldeia Guasu Gauavira, no Paraná, manifestou sua profunda indignação com a morte de Vicente. Ao cobrar punição aos responsáveis, Vilma destacou: "Mais um indígena, mais uma liderança, mais um homem assassinado no seu território. Justiça climática não pode esquecer não fazer justiça pelas pessoas já sacrificadas em seus territórios."
Como a inação da justiça afeta as comunidades indígenas?
Paulo Macuxi, coordenador do Conselho Indígena de Roraima (CIR), reforçou as críticas pela inércia da justiça. "Nossos parentes estão sendo assassinados e isso não pode ficar impune. São vidas perdidas, dia após dia, enquanto as autoridades permanecem inertes. Alguém tem que ser responsabilizado", clamou Macuxi.
Quais são as demandas urgentes dos indígenas na COP30?
Diante de um cenário de violência e desrespeito, Nadia Tupinambá, do território de Olivença, na Bahia, expressou a necessidade urgente de reconhecimento e demarcação das terras indígenas. "Na COP30, eles falam de clima, mas ignoram a demarcação do nosso território, onde vidas estão sendo perdidas. Nós não vamos desistir. Somos todos Guarani Kaiowá", afirmou Nadia, insistindo em respeito pelo "sangue derramado de todos os ancestrais".
"Estamos aqui para dizer: ‘parem de nos matar’. Parem de matar nossas florestas. Parem de vender nossos rios. Enfrentamos muitas lutas, mas não vamos desistir", finalizou Nádia.
Com informações da Agência Brasil