A situação econômica entre Brasil e Estados Unidos está sob os holofotes novamente. Nesta terça-feira (29), o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio recebeu representantes das gigantes da tecnologia norte-americanas, como Meta, Google, Amazon, Apple, Visa e Expedia. O motivo? Discutir o temido "tarifaço" de 50% às exportações brasileiras para os Estados Unidos, que está prestes a entrar em vigor. Com o governo brasileiro em negociações para evitar essas sanções, o cenário está mais tenso do que nunca.
Durante a entrevista, o vice-presidente destacou que "temos muito mais convergência do que divergência" com os EUA. Essa foi a segunda conversa do governo com representantes das chamadas big techs desde que as taxações foram anunciadas, há quase três semanas. Segundo Alckmin, desta vez as empresas levaram à mesa temas como ambiente regulatório, oportunidades econômicas, inovação tecnológica e segurança jurídica.
O que está em jogo nas negociações com as big techs?
Ninguém esconde que há muito em jogo. "Nós estamos propondo uma mesa de trabalho", afirmou o vice-presidente, ressaltando o potencial do Brasil como o futuro campeão de data centers. A ideia é fomentar um ambiente de diálogo e não acelerar nenhuma decisão precipitada, especialmente quando se trata de regulamentação das big techs no Brasil. Como Alckmin bem colocou, "devemos verificar a legislação comparada e ouvir, ouvir e dialogar".
Qual o papel dos interesses econômicos nas relações Brasil-EUA?
Os interesses das empresas de tecnologia norte-americanas no Brasil são um dos principais temas mencionados por Donald Trump na carta direcionada ao presidente Lula, ao anunciar o tarifaço. O documento é claro ao mencionar uma investigação sobre os "ataques contínuos do Brasil às atividades comerciais digitais de empresas americanas".
A reunião de Alckmin também contou com a presença virtual de um representante da Secretaria de Comércio dos EUA, destacando a importância bilateral do encontro. Essa participação foi solicitada pelo secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick.
Por que o Brasil está lutando contra o "tarifaço"?
O vice-presidente foi enfático ao comentar as tarifas: "Estamos empenhados em evitar que tenhamos uma tarifa totalmente injustificável de 50%". O argumento apresentado é que, dos grandes países com superávit comercial junto aos EUA, Reino Unido, Austrália e Brasil são os principais, e em muitos casos a alíquota é zero sobre os dez produtos mais exportados para o Brasil.
Como o setor industrial brasileiro está se posicionando?
Para entender a visão do setor industrial, também estiveram presentes representantes da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), um grande exportador para os Estados Unidos. Adicionalmente, o governador do Ceará, Elmano de Freitas, e empresários cearenses participaram do encontro. É interessante notar que mais de 40% das exportações cearenses vão para os EUA, incluindo produtos como aço, ferro, pescado, crustáceos, máquinas e calçados.
O cenário é desafiador, mas há uma esperança: a busca por um consenso que beneficie tanto as empresas quanto os dois países está na pauta de diálogo. Enquanto isso, toda a atenção está voltada para o desfecho das negociações, que podem moldar o futuro das relações comerciais Brasil-EUA.
Com informações da Agência Brasil