A recente decisão do Copom de manter a Taxa Selic em 15% ao ano provocou reações acaloradas de diversos setores da economia brasileira. Críticas vieram de representantes da indústria, comércio e centrais sindicais, enfatizando que essa política poderá sufocar o crescimento econômico e inibir investimentos.
Ricardo Alban, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), não poupou palavras ao classificar a decisão como “insuficiente e equivocada”. Ele alerta que, junto com um aumento do IOF e impactos de novas tarifas dos EUA, o Brasil pode enfrentar uma retração econômica.
Por que o setor produtivo está preocupado com os juros altos?
A elevação do IOF, que resulta em custos adicionais para a indústria, e a alta das tarifas dos Estados Unidos sobre as exportações brasileiras destacam-se como razões para a preocupação. Alban calcula que o IOF aumentará em R$ 4,9 bilhões o custo para as indústrias, alertando para possíveis reduções na produção industrial e na oferta de empregos.
Qual é a visão dos supermercados sobre a política monetária atual?
A Associação Paulista de Supermercados (Apas) ressalta que o cenário econômico internacional torna a política monetária brasileira ainda mais desafiadora. Apesar disso, considera que os juros estão excessivamente elevados, o que poderia afetar investimentos e o consumo familiar, além de encarecer o crédito.
A decisão do Banco Central atende às expectativas de mercado?
Para a Associação Comercial de São Paulo (ACSP), a decisão do BC segue as expectativas de mercado, reconhecendo que, embora os juros estejam altos, a inflação ainda supera a meta estipulada. Ulisses Ruiz de Gamboa, economista da ACSP, enfatiza que incertezas externas e expansão fiscal justificam uma postura mais cautelosa da política monetária.
Como as centrais sindicais estão reagindo à alta da Selic?
O descontentamento também é forte entre as centrais sindicais. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) critica a decisão do BC, alegando que ela transfere mais recursos para o setor financeiro, penalizando as famílias. Juvandia Moreira, da Contraf-CUT, expressa que a Selic elevada não combate adequadamente as formas de inflação no Brasil.
A Força Sindical, por sua vez, acusa os juros altos de favorecerem especuladores e está desapontada pela oportunidade perdida de baixar radicalmente a taxa. Esse movimento, segundo Miguel Torres, poderia ter significado um impulso para aumentar a produção e gerar empregos no país.
Com informações da Agência Brasil