Você já parou para pensar em como os juros impactam a Dívida Pública Federal (DPF) do Brasil? Pois bem, em julho de 2024, a DPF ultrapassou a barreira de R$ 7 trilhões pela primeira vez e, em julho do ano seguinte, chegou a R$ 7,939 trilhões, marcando um aumento de 0,71%. Mesmo com esse crescimento no último mês, a dívida ainda se mantém abaixo do que foi projetado para 2025, que deve alcançar entre R$ 8,1 trilhões e R$ 8,5 trilhões, conforme o Plano Anual de Financiamento.
Agora, você deve estar se perguntando: por que a dívida continua subindo? Um dos principais culpados é a apropriação dos juros. No âmbito interno, por exemplo, a Dívida Pública Mobiliária (DPMFi) teve uma alta de 0,66%, crescendo de R$ 7,581 trilhões em junho para R$ 7,631 trilhões em julho. Curiosamente, mesmo com resgates maiores que as emissões, os juros apropriados no mês somaram R$ 80,94 bilhões, contribuindo para o aumento da dívida.
Como o desempenho do dólar influencia a dívida?
Interessante notar que a Dívida Pública Federal externa (DPFe) também seguiu em ascensão, registrando um aumento de 1,96%, saltando de R$ 302,12 bilhões para R$ 308,05 bilhões em apenas um mês. Esse movimento foi e, em grande parte, impulsionado por uma alta de 2,66% no dólar ocorrida em julho, consequência do tarifaço anunciado pelo então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Qual é o papel do "colchão" da dívida?
Um termo curioso que você pode ter ouvido é "colchão" da dívida, que não tem nada a ver com conforto, mas sim com segurança financeira. Ele é uma reserva que o governo utiliza em momentos de incerteza ou grandes vencimentos. Em julho, essa reserva era de R$ 988 bilhões, e sua queda foi justificada, principalmente, pelo resgate líquido no período.
Quais são as mudanças na composição da dívida?
Se olharmos mais de perto para como essa dívida é composta, observamos algumas variações interessantes de junho para julho:
- Títulos vinculados à Taxa Selic subiram de 48,16% para 49,25%;
- Aqueles corrigidos pela inflação aumentaram de 26,45% para 26,72%;
- Os títulos prefixados caíram de 21,57% para 20,16%;
- Os atrelados ao câmbio subiram ligeiramente, de 3,82% para 3,87%.
Essas mudanças demonstram como os investidores ajustam suas expectativas e estratégias conforme as condições econômicas.
Quem são os principais detentores da dívida pública?
Um aspecto relevante é saber quem são os credores dessa dívida toda. Internamente, as instituições financeiras lideram, detendo 31,26% do estoque. Isso é seguido por fundos de pensão com 23,49% e fundos de investimentos com 21,73%. Destaca-se a presença dos não residentes, que representam 9,86%. Mesmo com as tensões comerciais internacionais, a participação estrangeira tem se mantido relativamente estável.
Gerir a dívida pública é um exercício de equilíbrio fiscal. O governo capta recursos dos investidores, comprometendo-se a devolver esses valores em alguns anos, geralmente corrigidos por alguma taxa de interesse como a Selic, a inflação, o dólar, ou já com uma taxa prefixada.
Com informações da Agência Brasil