Com a inquietação econômica sempre à espreita, muitos trabalhadores se preocupam com a segurança de seus empregos. No entanto, uma recente pesquisa revela que mais da metade dos empregados brasileiros não teme por suas posições nos próximos seis meses. Para 42,3% dos entrevistados, perder o trabalho é algo improvável, enquanto 11,5% afirmam ser muito improvável. Essa confiança, certamente, gera uma sensação de alívio em tempos de incertezas.
Mas não é o caso para todos. Cerca de 13,8% dos trabalhadores acreditam que a possibilidade de perderem sua fonte de renda é provável. Já 2,8% consideram essa possibilidade muito provável. Em meio a esses extremos, 29,7% preferem não se arriscar a prever. Essa diversidade de perspectivas é parte de um estudo mais amplo conduzido pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV), uma sondagem que traz insights valiosos sobre o mercado de trabalho brasileiro.
Por que tantos estão otimistas?
Um dos responsáveis pela pesquisa, Rodolpho Tobler, observa que o mercado de trabalho, atualmente aquecido, é uma das razões para essa confiança. Com a taxa de desocupação em níveis historicamente baixos – 5,8% segundo dados do IBGE – muitos trabalhadores se sentem mais seguros em seus empregos ou acreditam que podem encontrar outras oportunidades caso necessário.
“Com a taxa de desocupação em níveis mínimos em termos histórico, é natural que os trabalhadores se sintam mais seguros na sua ocupação ou em uma realocação caso seja necessário. Esse dinamismo observado nos últimos anos tende a ser favorável para os trabalhadores.”
Quais são as preocupações futuras?
No entanto, essa confiança pode não durar. Tobler também alerta para a expectativa de desaceleração econômica futura. Com a economia esfriando devido às altas taxas de juros, o nível atual de segurança no emprego pode não se sustentar. A taxa Selic, por exemplo, está em 15% ao ano, encarecendo financiamentos e desestimulando investimentos.
O efeito contracionista dos juros elevados visa conter a inflação, que acumula 5,13% em doze meses, embora continue acima do teto da meta governamental.
Qual é a relação entre faixa de renda e segurança no emprego?
Outro ponto importante da sondagem da FGV foi a análise da confiança no emprego em relação à faixa de renda. Notavelmente, as pessoas de renda mais alta se sentem mais seguras:
- Renda até um salário mínimo: 32,6% acham improvável perder o emprego;
- Entre um e três salários mínimos: 41,3% compartilham essa perspectiva;
- Acima de três salários mínimos: 62,4% se sentem seguros quanto ao emprego.
Como os trabalhadores veem suas profissões e proteção social?
Apesar de ainda ser uma pesquisa recente, com apenas três meses de edição, a Sondagem do Mercado de Trabalho já traz insights sobre satisfação e proteção social. Surgem números interessantes: 59,7% dos trabalhadores estão satisfeitos com seus empregos, e 15,3% estão muito satisfeitos. Por outro lado, 8% mostraram descontentamento.
Em relação à proteção social, uma área ainda sensível, 33,5% dos entrevistados se sentem muito desprotegidos, enquanto 37,7% indicaram estar parcialmente desprotegidos, e 28,7% se sentem protegidos.
Com informações da Agência Brasil