Em tempos em que tomar um bom café é quase um ritual sagrado para muitos brasileiros, surge uma notícia que pode preocupar os apaixonados pela bebida: o preço do café está prestes a sofrer um acréscimo significativo. Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), entrevistada numa coletiva em São Paulo, os custos da matéria-prima estão em alta, o que pode resultar em um aumento de 10% a 15% nos preços ao consumidor ainda nos próximos dias.
Mas nem tudo está perdido. Pavel Cardoso, presidente da Abic, tranquiliza ao afirmar que, apesar disso, o reajuste não deve superar a média dos aumentos ao longo deste ano. Como isso impacta diretamente o bolso do consumidor, é importante entender o que está por vir no mercado de café nos próximos meses.
Por que o preço do café está subindo?
O aumento no preço do café já é uma realidade anunciada aos supermercados, segundo explica o diretor-executivo da Abic, Celírio Inácio da Silva. O repasse, previsto a partir da semana que vem ou no início do próximo mês, é resultado direto dos custos elevados na aquisição da matéria-prima. Apesar de preocupante, muitos esperam que os preços não ultrapassem os 15% de aumento.
O que está causando a retração no consumo de café?
A combinação de preços altos e o impacto no consumo refletem numa retração significativa no mercado brasileiro de café. Nos primeiros oito meses de 2025, as vendas registraram uma queda de 5,41% em comparação com o ano anterior. Em termos quantitativos, isso representa uma redução de cerca de 550 mil sacas, passando de 10,11 milhões para 9,56 milhões.
O ano foi marcado por aumentos expressivos, com certas variações de café, como o solúvel, atingindo elevações de até 50,59%. Ainda assim, a expectativa da Abic é fechar 2025 com números semelhantes aos do ano anterior, apostando em um saldo positivo nos dados finais do ano.
Que incertezas envolvem o "tarifaço"?
A Indústria Brasileira de Café encara incertezas em relação às sobretaxas aplicadas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Mesmo sendo o Brasil seu maior fornecedor, a decisão dos EUA em ajustar tarifas é vista como uma pressão política. Pavel Cardoso, presidente da Abic, destacou que não se espera tarifas maiores para o café devido às especificidades do mercado norte-americano que pouco produz o grão.
A presença dessa taxa ou não está ainda nublada, mas o consenso é que, como o café não é produzido nos Estados Unidos — com exceção de poucas iniciativas no Havaí e Porto Rico —, a imposição de tarifas não seria lógica.
Quais são as expectativas de queda nos preços?
Apesar das más notícias, também há um alívio a ser considerado. Estudos da Universidade de São Paulo (USP) apontaram quedas recentes nos preços de algumas variedades de café. Entre 15 e 22 de setembro, o valor do café arábica tipo 6 caiu 10,2% em São Paulo, e o do robusta diminuiu 11,1%. Segundo o Indicador Cepea/Esalq, esses ajustes foram motivados por expectativas de chuvas que podem favorecer a produção, juntamente com ajustes de mercado na Bolsa de Nova York e a possível remoção das tarifas dos EUA.
Neste cenário incerto, a discussão em torno do café continua a ser fervente, prometendo novidades a cada nova colheita e acordos internacionais em vista.
Com informações da Agência Brasil