Você sabia que, em meio à turbulenta guerra comercial entre Estados Unidos e China, a soja brasileira ganhou destaque no mercado asiático? Cerca de oito meses dessa disputa revelaram uma reviravolta para o Brasil e Argentina, que se tornaram os principais fornecedores do grão para a China, enquanto as compras do produto norte-americano caíram drasticamente.
A informação vem de um levantamento realizado pela American Farm Bureau Federation, a maior representação do setor agrícola nos EUA, que surpreendeu muitos analistas. A China, que outrora priorizava a soja americana, alterou sua rota de importação estrategicamente à medida que as tarifas sobre produtos norte-americanos subiam.
Como a soja brasileira entrou em cena nessa reviravolta?
Entre janeiro e agosto de 2025, as importações chinesas de soja dos EUA caíram de forma alarmante, a um nível histórico, chegando a apenas 5,8 milhões de toneladas, frente a 26,5 milhões no ano anterior. Durante junho a agosto, nenhum novo embarque foi efetivado. Em contrapartida, o Brasil exportou mais de 77 milhões de toneladas para a China nesse mesmo período.
Essa mudança não aconteceu por acaso. Ela se deve a uma estratégia de diversificação de fornecedores adotada há anos pela China, principalmente desde 2018, quando a primeira guerra comercial se iniciou sob o governo Trump. Apesar da demanda chinesa continuar alta, a preferência pelos produtos americanos tem claramente diminuído.
Quais os impactos para outros produtos americanos?
Os efeitos dessa reconfiguração comercial não se limitam à soja. As exportações de milho, trigo e sorgo dos EUA para a China simplesmente cessaram, enquanto a venda de carne suína e algodão segue em ritmo reduzido. Estima-se que o valor total das exportações agrícolas dos EUA para a China caia para US$ 17 bilhões em 2025, muito longe dos números de 2024 e 2022.
Que medidas estão sendo tomadas pelo governo dos EUA?
O governo de Donald Trump está de olho na situação e prepara um novo pacote de ajuda financeira para os produtores rurais, em continuidade ao suporte dado em 2019, durante a primeira fase da guerra comercial. Cerca de US$ 22 bilhões foram alocados naquela ocasião, com o objetivo de minimizar impactos negativos.
Hoje, não é só a guerra comercial que preocupa. Produtores também enfrentam a queda dos preços de commodities e altos custos logísticos, agravados por fatores climáticos, como o baixo nível das águas do Rio Mississippi. Projeções apontam que a renda agrícola dos EUA deve cair em 2,5% em 2025, atingindo níveis mínimos desde 2007.
Esses desafios exigem atenção cuidadosa e soluções eficazes, principalmente em tempos de incertezas globais e mudanças recorrentes nas relações comerciais internacionais.
Com informações da Agência Brasil