Tortura e maus-tratos de prisioneiros são estratégias sombrias no conflito entre Rússia e Ucrânia. Essa é a avaliação de Alice Jill Edwards, relatora especial das Nações Unidas sobre Tortura, em entrevista à Agência Brasil, enquanto o confronto já ultrapassa três anos. A especialista destaca a necessidade de incluir reparações para vítimas de ambos os lados nas negociações e no futuro acordo de paz.
A tortura como ferramenta de guerra não é uma novidade, mas sua discussão, principalmente com base em relatos obtidos por ex-prisioneiros na Ucrânia, nos convida a uma reflexão profunda sobre as práticas utilizadas neste prolongado conflito. Edwards, que já visitou a Ucrânia após a invasão russa, reforça que tanto vítimas civis quanto militares revelaram métodos de tortura angustiantes.
Tortura faz parte da estratégia de guerra?
Segundo Alice Edwards, a prática da tortura é calculada e faz parte **da estratégia de guerra** russa. "Concluo que faz parte da estratégia de guerra russa – para extrair informações, incutir medo e punir lealdades", ela afirmou. As torturas relatadas variam desde o uso de cargas elétricas até simulações de execuções e fome extrema.
Como vítimas de tortura são tratadas nos dois lados?
Embora Edwards aponte a tortura russa, ela também explica que há alegações contra as forças ucranianas. "Há também alegações de tortura e outros maus-tratos por forças ucranianas contra cativos russos", comentou. A esse respeito, ela enfatiza que todos os casos devem ser investigados com justiça.
Qual o papel do direito internacional nesse cenário?
O direito internacional, especialmente por meio das Convenções de Genebra de 1949, é claro contra a tortura, que é uma prática proibida em qualquer situação. "A proibição é absoluta (...) não há exceções", reforça Edwards. Tanto Rússia quanto Ucrânia, como signatárias dessas convenções, estão obrigadas a garantir o tratamento humano dos prisioneiros.
O futuro da paz entre Rússia e Ucrânia
As trocas de prisioneiros têm sido umas das poucas pontes de acordo entre as nações em guerra. Ficou claro, ao se tratar deste tema, que a justiça e reparação para vítimas precisam permear as negociações futuras. "A paz não será restaurada apenas com soluções de segurança e território", adverte a relatora da ONU.
Por que Rússia e Ucrânia ainda não encontraram a paz?
A guerra atual é um reflexo de antigas disputas por influência na região e o desejo russo de restaurar uma esfera de segurança pós-União Soviética. Disputa mais acirrada desde que a Rússia anexou a Crimeia. Em meio à tensão, a Ucrânia tem buscado alianças com o Ocidente, fator visto como uma ameaça por Moscou.
No cenário diplomático, as esperanças de paz, mesmo após encontros de líderes mundiais como Trump, Putin e Zelensky, ainda parecem distantes. Sem acordos claros, o futuro desse conflito ainda é incerto.
Com informações da Agência Brasil