Imagine líderes de algumas das maiores economias emergentes do mundo se reunindo virtualmente para debater a economia global e raças de poder. Foi exatamente o que aconteceu nesta segunda-feira (8), quando os líderes dos países do Brics se uniram para discutir o futuro do comércio dentro do bloco emergente. O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, foi o responsável por organizar essa cúpula, com o objetivo de alinhar estratégias envoltas no conceito de multilateralismo. Isso, tudo em um cenário marcado pela nova política tarifária dos Estados Unidos, que adotou um aumento significativo nas tarifas de comércio.
Neste contexto crescente de tendências protecionistas e disputas comerciais por todo o mundo, Lula destacou a importância do Brics em liderar uma resposta global coordenada. Durante a cúpula, ele ressaltou a legitimidade do grupo do Sul Global em refazer o sistema multilateral de comércio, enfatizando que as nações ali reunidas representam uma fatia significativa da economia e da população global. Reunindo-se, segundo ele, as condições comparáveis para uma industrialização verde e criação de novas oportunidades em setores de alta tecnologia estão vastamente presentes nos países Siga o canal da Agência Brasil no WhatsApp.
Como o Brics pode transformar o sistema comercial mundial?
Lula deixou claro que o Brics tem um papel crucial a desempenhar nesse momento de transição. Com o cenário mundial apontando uma "crise de governança", ele sublinhou que o grupo deve demonstrar que a cooperação é capaz de superar rivalidades. Citando exemplos, mencionou o Novo Banco de Desenvolvimento como um motor para diversificar e fortalecer as bases econômicas dos países membros.
“A chantagem tarifária está sendo normalizada como instrumento para conquista de mercados e para interferir em questões domésticas.”
Os desafios e respostas econômicas enfrentados pelo grupo
Em um mundo onde a Organização Mundial do Comércio (OMC) está supostamente paralisada, Lula trouxe à tona que práticas comerciais ilegitimas vêm deixando marcas nos países do Brics. O presidente destacou que, perante isso, estratégias de integração financeira podem mitigar os danos causados por tais medidas protecionistas.
Além disso, Lula enfatizou a importância do grupo chegar unificado à 14ª Conferência Ministerial da OMC no próximo ano, reiterando a necessidade de parcerias sólidas entre os países emergentes.
Jogo de poder na política externa: qual a posição do Brics?
A disputa de poder no cenário internacional vai além do campo comercial. Além de discutir tarifas e protecionismo, a cúpula abordou questões de segurança internacional e geopolítica, como a guerra na Ucrânia e as tensões crescentes na Faixa de Gaza. Lula argumentou que, quando princípios de soberania são ignorados, a paz mundial é comprometida.
“A presença de forças armadas da maior potência do mundo no Mar do Caribe é fator de tensão incompatível com a vocação pacífica da região.”
O papel ambiental e a COP30 no horizonte do Brics
Com a COP30 marcada para acontecer em Belém, Lula aproveitou a oportunidade para instar os líderes do Brics a se unirem na luta contra as mudanças climáticas, alertando para os impactos desiguais enfrentados pelos países em desenvolvimento. Ele sugeriu a criação de um Conselho de Mudança do Clima da ONU, iniciativa que poderia capitalizar energias e recursos atualmente fragmentados.
Participação dos membros do Brics incluindo a China, Rússia, Índia e África do Sul, além de novos membros como Arábia Saudita, Egito e Irã, sublinha a força e relevância do grupo em questões como estas. No fim das contas, como sublinhou Lula, o Brics busca exercitar liderança em governança democrática global, esclarecendo que uma política coordenada entre nações pode frear a dominância de poucos sobre muitos.
Com informações da Agência Brasil