Imagine você assistindo ao noticiário e se perguntando se, finalmente, veremos a paz florescer na tão conturbada Faixa de Gaza. Em um discurso marcante ao Parlamento Israelense, o presidente Donald Trump prometeu uma nova era de paz, mas será que essas promessas podem mesmo se transformar em realidade nas próximas semanas? Especialistas em Relações Internacionais acreditam que sim, mas enfatizam que tudo depende de uma estabilização inicial.
No entanto, o cenário é mais complexo do que parece. De acordo com Roberto Menezes, professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, desta vez, ao contrário do que ocorreu anteriormente, o cessar-fogo foi imposto por uma superpotência: os Estados Unidos. "Netanyahu sabe que ele não pode contrariar Trump", afirma o professor, indicando que a relação entre os países pode ser um fator decisivo nesse processo.
O que precisa acontecer para a paz se consolidar?
João Nyegray, coordenador do Observatório de Negócios Internacionais da PUC Paraná, destaca três pontos cruciais. Primeiro, é imperativo que os ataques militares realmente cessem. "A paz só vai avançar se essa fase se consolidar sem incidentes", explica Nyegray.
- A libertação dos reféns e prisioneiros palestinos deve acontecer;
- A entrega dos corpos dos reféns israelenses mortos é fundamental;
- Uma ajuda humanitária massiva, estimada em 600 caminhões diários, precisa ser implementada enquanto Israel respeita o recuo acordado previamente.
Reconstrução e a ideia de dois estados: será possível?
Caso essas condições iniciais sejam atendidas, abre-se uma janela para a reconstrução de Gaza. Nyegray sugere que isso pode reforçar a possibilidade de coexistência pacífica entre dois estados: Israel e Palestina, com o apoio de doadores árabes e intervenção ocidental.
No entanto, a trégua também desencadeia um jogo de interesses na região. "Nada acontece no vácuo geopolítico", alerta Nyegray. Enquanto a diplomacia procura estabelecer a paz, diversos atores regionais, como os sauditas, turcos, egípcios e iranianos, alinham suas estratégias para capitalizar a situação a seu favor.
Como a geopolítica pode interferir nesse processo?
Nyegray acredita que a estabilidade geopolítica será fundamental para o sucesso das negociações. A paz e a reconstrução, se alcançadas, criarão um novo equilíbrio de poder, desafiando grupos militares e milícias que atuam na região.
E o desarmamento do Hamas, será uma realidade?
Uma questão inevitável debatida por Roberto Menezes é a questão do desarmamento do Hamas. "Esse é um tema delicadíssimo", menciona o professor, colocando em xeque se tal exigência será ou não parte das condições para a continuidade do processo de paz.
Por fim, há a intrincada rede de intervenções políticas que pode ameaçar a confiança neste esforço de pacificação. Um ponto de tensão destacado no discurso de Trump foi a defesa pública do perdão judicial ao primeiro-ministro Netanyahu, acusado de corrupção, o que poderia minar a credibilidade do processo para alguns.
A estrada para a paz é complexa e cheia de obstáculos, mas as primeiras etapas, já desenhadas, prometem oferecer uma nova esperança para o futuro da conturbada região da Faixa de Gaza.
Com informações da Agência Brasil