A Bolívia vivenciou um marco histórico político. No último domingo, 19 de outubro, o senador de centro-direita Rodrigo Paz saiu vitorioso no segundo turno das eleições, derrotando seu rival conservador Jorge "Tuto" Quiroga. Com essa vitória, chega ao fim quase duas décadas de domínio do Movimento ao Socialismo (MAS).
Com 54,5% dos votos, frente aos 45,5% de Quiroga, Paz, do Partido Democrata Cristão (PDC), assume um desafio adicional: navegar em um cenário político onde seu partido não conquistou a maioria legislativa. Para governar, alianças serão fundamentais.
Qual o significado da vitória de Rodrigo Paz para a Bolívia?
Aos 58 anos, Paz assume como presidente, representando uma ruptura no cenário político predominantemente governado pelo MAS desde 2006. Sua plataforma, que combina a manutenção de programas sociais com a expansão do setor privado, ressoou com eleitores que estavam desiludidos com o MAS, mas também temerosos das políticas de austeridade propostas por Quiroga.
Paz defendeu reformulações graduais e destacou a importância de incentivos fiscais para pequenas empresas e maior autonomia fiscal regional, em contraposição às alterações drásticas sugeridas por seu oponente.
Como Rodrigo Paz pretende governar?
Em discurso de vitória em La Paz, Paz enfatizou a necessidade de abrir a Bolívia para o mundo. "Precisamos abrir a Bolívia para o mundo", afirmou, propondo a construção de uma economia que beneficie o povo, onde "o Estado não seja o eixo central".
Além disso, ele busca estreitar laços diplomáticos com países ocidentais, rompendo com o alinhamento anterior da Bolívia com Rússia e China. Já em setembro, anunciou planos para um acordo de cooperação econômica com os Estados Unidos, no valor de US$ 1,5 bilhão, voltado para garantir o fornecimento de combustível.
Quem é Rodrigo Paz?
Rodrigo Paz nasceu em 1967, em Santiago de Compostela, Espanha, enquanto sua família vivia no exílio durante as ditaduras militares bolivianas. Filho do ex-presidente Jaime Paz Zamora, ele carrega um legado político significativo. Em sua carreira, já atuou como vereador e prefeito em Tarija, e como senador nacional pela aliança Comunidade Cidadã.
Seu histórico inclui críticas construtivas ao governo de Luis Arce, além de um papel fundamental na Coordenadoria para a Defesa da Democracia em 2019, que pressionou por um segundo turno eleitoral devido a alegações de fraude.
Quais os desafios do novo governo boliviano?
Com a posse marcada para 8 de novembro, Paz enfrenta a complexa tarefa de governar sem maioria legislativa, o que exigirá habilidade política e alianças estratégicas. O principal sindicato boliviano, a Central de Trabalhadores da Bolívia (COB), já alertou que resistirá a qualquer ameaça aos ganhos sociais e econômicos, pressagiando potencial conflito.
Movimentos sociais e indígenas também se mostram prontos para defender suas conquistas sociais e a soberania nacional, ressaltando o delicado equilíbrio que Paz precisará manter ao assumir o poder.
Com informações da Agência Brasil
