Se você acompanha de perto o cenário econômico brasileiro, já deve ter notado uma tendência interessante: a projeção de inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que reflete a inflação oficial do país, tem mostrado um viés de redução constante. Só este ano, essa perspectiva revisada caiu de 4,95% para 4,86%, conforme a mais recente divulgação do Boletim Focus, realizada no último dia 25 de setembro, em Brasília. Mas o que impulsiona essas revisões? Poderia essa tendência trazer alívio ao bolso dos brasileiros?
O Boletim Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central (BC), reúne expectativas das instituições financeiras sobre principais indicadores econômicos, fornecendo um raio-X do mercado e suas expectativas para o futuro econômico do Brasil.
Por que a inflação ainda preocupa o mercado?
Mesmo com a recente queda nas previsões, a estimativa do IPCA para 2023 ainda ultrapassa o teto da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A meta definida é de 3%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual, resultando em limites que variam entre 1,5% e 4,5%. Portanto, o cenário ainda gera preocupações devido à necessidade de retorno à meta desejada.
No último julho, um alívio nos preços dos alimentos – um retrato do segundo mês consecutivo de baixa –, aliado à elevação nos custos de energia, permitiu que a inflação fechasse a 0,26%. No entanto, no acumulado de 12 meses, o IPCA chegou a 5,23%, ultrapassando o teto da meta.
Como a taxa de juros influencia na meta de inflação?
Para controlar a inflação, o Banco Central tem na taxa Selic o principal instrumento. Com uma taxa definida em 15% ao ano, é por meio dela que se determina o tom da economia: juros mais altos freiam o excesso de demanda, elevam o custo do crédito e promovem maior retenção de dinheiro na forma de poupança. Foi esse cenário que levou o Comitê de Política Monetária (Copom) a interromper um ciclo de aumentos após sete elevações consecutivas.
No entanto, comunicar uma manutenção da taxa nos remete às incertezas comerciais globais, como as oriundas da política dos Estados Unidos, o que balança a balança de decisões do Copom, que não exclui uma nova alta, caso necessário.
"A expectativa atual é que a Selic se estabilize em 15% até o final de 2025, com uma previsão de queda para 12,5% ao ano em 2026, e seguido por reduções para 10,5% e 10% ao ano em 2027 e 2028, respectivamente."
Mas, qual o efeito prático disso tudo no seu dia a dia? Quando os juros sobem, o crédito, desde o financiamento de um carro até as parcelas da casa própria, se encarece, enquanto a economia se desacelera. Assim, ao passo que a Selic diminui, o acesso ao crédito se torna mais fácil, promovendo a produção e o consumo.
Como o PIB e o câmbio estão se comportando nesta perspectiva?
Nesta edição do Boletim Focus, a expectativa de crescimento para a economia brasileira foi levemente ajustada de 2,21% para 2,18%. Embora muitas projeções foquem no horizonte próximo, já se estima que o Produto Interno Bruto (PIB), expressão máxima da capacidade produtiva do país, deva se expandir em 1,86% até 2026, com projeções similares para os anos seguintes.
A força da agropecuária impulsionou a economia no início do ano, registrando um crescimento de 1,4% no primeiro trimestre de 2025.
A cotação do dólar tem sua previsão situada em R$ 5,59 para o fim de 2023 e deve alcançar R$ 5,64 em 2026. Tais previsões são monitoradas de perto, pois o câmbio impacta tanto no bolso dos consumidores quanto nas decisões estratégicas das empresas que lidam com o comércio exterior.
Com informações da Agência Brasil